17/04/2024

Dólar sobe no país e impulsiona as commodities

Dólar sobe no país e impulsiona as commodities

Plantação de milho em Maringá (PR) - Rodolfo Buhrer Reuters

 

Persistência de juro alto nos EUA afeta preço de grãos no Brasil.

As pressões inflacionárias nos Estados Unidos não devem permitir uma queda rápida dos juros, e o dólar index (uma cesta de moedas) se mantém fortalecido. O resultado é uma queda nos preços das commodities.

No Brasil, que tem condições mais fragilizadas e é facilmente contagiado pelo cenário externo, o dólar chegou a R$ 5,3 —o maior patamar desde março do ano passado.

Aqui, o dólar tem efeito contrário ao dos Estados Unidos nas commodities. A alta da moeda norte-americana auxilia muito, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural. O produtor recebe mais, sem onerar o importador.

Os preços internos podem até subir, mas isso não deve significar mais negócios. A soja vinha firme em março, quando as vendas atingiram 13 milhões de toneladas. Agora, o produtor espera subir mais os preços para efetuar novos negócios, principalmente com essa volatilidade do câmbio.

Essa alta, no entanto, pode ter Chicago como limitante, uma vez que os preços caem por lá. Nesta terça-feira (16), o primeiro contrato da soja recuou para US$ 11,45 por bushel (27,2 kg) na Bolsa de Chicago, com queda de 1,1% no dia. Todos os contatos listados na bolsa até maio de 2025 caíram.

Plantação de soja em Não Me Toque (RS) - Diego Vara Reuters

Para o milho, o comportamento interno de alta do câmbio é mais importante do que para a soja. Os preços internos do cereal são descolados dos de Chicago, segundo a analista da AgRural.

Essa alta, no entanto, também pode não significar um volume maior de negócios. Os compradores veem a safrinha com perspectivas favoráveis em Mato Grosso e Goiás, embora o calor tenha provocado perdas no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

O cenário para a safra de Mato Grosso deixa o comprador mais confortável e à espera de novas movimentações dos preços para baixo.

Em Chicago, todos os contratos do milho da bolsa com vencimentos até dezembro de 2024 registraram queda de preços. No primeiro, o de maio, o cereal fechou em US$ 4,315 por bushel (25,4 kg).

No Brasil, conforme cotações da AgRural, a saca de soja fechou a R$ 119 em Cascavel (PR), acima dos R$ 116,5 de há uma semana. Em Sorriso (MT), o fechamento foi a R$ 110, valor também superior ao da semana anterior, que era de R$ 107.

A saca de milho foi a R$ 36 em Sorriso (MT), acima dos R$ 34 de há uma semana, enquanto em Cascavel subiu para R$ 55,5.

Os preços externos vão depender ainda do desempenho das safras dos Estados Unidos e da Argentina, concorrentes do Brasil na soja e no milho.

Os americanos estão no início de plantio das duas commodities, sem nenhum percalço. Semearam 6% da área de milho e 3% da de soja.

Os argentinos já estão em período de colheita. Apesar do calor e da falta de chuva na reta final, as perspectivas de colheita de soja ainda são boas. As estimativas indicam safra próxima de 50 milhões de toneladas.

O cenário do milho é um pouco pior. Os produtores não cuidaram direito da cigarrinha, uma novidade para as lavouras deles, e o resultado é uma quebra de produtividade.

Após estimativa inicial de 57 milhões de toneladas, a Bolsa de Buenos Aires espera 49,5 milhões. A perda de produção é grande, mas o número ainda é bem superior aos 34 milhões de toneladas da safra do ano passado (Folham 17/4/24)