12/02/2019

Dreyfus prevê troca mais rápida entre açúcar e etanol em usinas do Brasil

Dreyfus prevê troca mais rápida entre açúcar e etanol em usinas do Brasil

A trading de commodities Louis Dreyfus espera uma mudança mais rápida entre a produção de açúcar e etanol no Brasil, com usinas mais flexíveis levando a alterações "dramáticas".

"Normalmente você tem de ver o açúcar superando o etanol ou o oposto por um período de tempo antes de começar a ver a troca", disse Enrico Biancheri, diretor de açúcar da Louis Dreyfus, controladora do grupo sucroenergético Biosev.

Os fracos preços do açúcar levaram as empresas brasileiras a aumentar sua capacidade de produzir etanol, com muitas usinas capazes de alternar entre o uso de cana para produzir açúcar ou etanol, dependendo do que é mais rentável.

"Recentemente, o setor está aprendendo a se tornar mais pragmático e mais econômico. O baixo preço do açúcar é um fator em si, então as usinas precisam ser mais flexíveis para gerar mais", disse Biancheri em uma conferência em Dubai nesta segunda-feira.

Biancheri também disse esperar que a consolidação no setor brasileiro continue, com empresas mais bem estruturadas comprando ativos de companhias com problemas financeiros.

Enquanto isso, Gareth Griffiths, executivo-chefe da Alvean, disse que os preços estão "no ponto de inflexão" do açúcar e do etanol.

A Alvean, maior trading de açúcar do mundo, espera um leve excedente de açúcar para 2019/20, de cerca de 2 milhões de toneladas.

Analistas em geral esperam um pequeno déficit de açúcar no período após anos de superávit que deprimiram os preços.

Essa opinião foi apoiada pelo gerente geral da Sucden, Thierry Songeur, que previu um ligeiro déficit em 2019/20.

Segundo ele, a Índia pode exportar até 5 milhões de toneladas para o mercado este ano, e uma mudança para mais produção de etanol, que poderia limitar o excedente exportável, não ocorrerá no curto prazo.

"O etanol não será seu remédio a curto prazo."

Biancheri também disse que a antecipação sobre o potencial do etanol na Índia vem ocorrendo há "algum tempo", mas as medidas necessárias não estão sendo tomadas com rapidez suficiente.

"Será mais uma história de médio a longo prazo", disse ele (Reuters, 11/2/19)