E os juros agrícolas...continuarão elevados?
Por Joaquim Augusto S. S. Azevedo Souza
Como é do conhecimento geral felizmente a economia nacional dá sinais de crescimento e conseqüentes melhores nas condições sócio-economicas do país. O PIB (Produto Interno Bruto) que vinha acumulando índices negativos já no ano findo apresentou número positivo. A inflação baixou, a taxa de desemprego diminuiu e a arrecadação de impostos aumentou. As taxas de juros, ainda que modestamente e muito gradativamente, vêm caindo, assim como a taxa SELIC, hoje abaixo dos 7% ao ano.
Diante desse quadro, até certo ponto indicador de um futuro melhor e mais promissor para nós, brasileiros, que de tudo já enfrentamos um pouco , inclusive falta de perspectivas, ora sentimo-nos alentados a continuar trabalhando e produzindo nesta mesma direção.
Entretanto, difícil fica o entendimento da permanência das elevadíssimas taxas de juros vigentes para o crédito rural.
O razoável seria a autoridade monetário já ter sinalizado com a diminuição dessas taxas, especialmente porque estamos findando proximamente o ano agrícola e já entabolando negociações de novos financiamentos para a próxima safra.
O setor rural já deu mostras de sua eficiência e capacidade através da obtenção de excelentes índices de produção, produtividade e crescentes exportações, cujo reflexo na balança comercial brasileira tem sido , invariavelmente, positivo.
E o crédito rural, lançado em 1965 para se constituir no principal instrumento de alavancagem do desenvolvimento da agropecuária hoje, além de extremamente burocratizado é alvo de cada vez maiores exigências bancárias para a efetivação de empréstimos aos produtores rurais estando mais caro do que a própria taxa SELIC – um referencial para a economia – com cobranças de juros que chegam até a 9,5% ao ano.
Portanto, ao contrário do que se pratica no resto do mundo , especialmente nos países maiores produtores agropecuários onde, inclusive, se subsidia a agricultura, aqui se pratica o desestímulo produtivo, penalizando-se aos produtores rurais com escorchantes taxas de juros nos financiamentos para a produção agrícola.
Será que o governo e suas autoridades responsáveis pela área econômica não conseguem perceber que, com este lamentável procedimento, podem matar a galinha dos ovos de ouro da economia brasileira?
Até o Conselho Monetário Nacional, em recente reunião, demonstrou sua justa preocupação com as dificuldades de acesso ao crédito rural, admitindo que a evolução comercial e tecnológica impõe a necessidade de ajustamento nos processos operacionais da contratação e condução dessa modalidade de crédito. Aprovou medida, inclusive, que autoriza as instituições financeiras a oferecerem crédito rural através de agentes independentes, visando uma melhor distribuição de recursos e adoção de procedimentos mais eficientes e seguros na concessão de financiamentos rurais.
Esperamos que o bom senso prevaleça e muito brevemente possamos contratar créditos para a produção rural com taxas de juros mais razoáveis e compatíveis com as peculiaridades das atividades agrícolas e pecuárias.
É o que se espera para que o segmento rural possa continuar trabalhando e desenvolvendo uma agropecuária forte e saudável!! (Por Joaquim Augusto S. S. Azevedo Souza é presidente da Associação e do Sindicato Rural de Ribeirão Preto)