01/10/2019

Ecoagro espera R$ 10 bi em cras verdes de usinas em dois anos

Ecoagro espera R$ 10 bi em cras verdes de usinas em dois anos

A Ecoagro, empresa securitizadora que estrutura instrumentos de investimento a partir de recebíveis, vê com otimismo o mercado de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) com selo “verde”, o que significa que os recursos têm como destino projetos ambientalmente responsáveis. A securitizadora estima um total de R$ 10 bilhões em CRAs em dois anos somente de usinas de açúcar e álcool.

 

Depois de três anos da primeira emissão de CRA verde, feita pela Suzano, uma segunda operação de R$ 200 milhões deve desembarcar no mercado no final de outubro. O CRA é isento de imposto de renda para o investidor e tem atraído muitas pessoas físicas. No acumulado deste ano, já foram emitidos um total de cerca de R$ 40 bilhões desses papéis.

A Ecoagro tem visto potencial no segmento sucroalcooleiro, que encontra opções caras de financiamentopara girar suas operações. Somente na produção de etanol, a estimativa de gastos está em cerca de R$ 60 bilhões anuais.

Quebra de paradigma

Não só no segmento de açúcar e álcool, mas os investimentos com propósito de responsabilidade ambiental, de modo geral, têm um pool crescente de interessados. A Climate Bonds Iniciative (CBI), certificadora global de títulos verdes, tem observado demanda maior dos investidores por emissões desses papéis em comparação aos títulos de dívida tradicionais. Segundo o CBI, globalmente, a demanda por títulos verdes tem superado em cerca de 5 vezes, em média, a oferta.

 

No caso brasileiro, essa relação chega a superar 6 vezes o tamanho da oferta. A elevada procura já tem reflexo no custo das captações “verdes”, que estão ficando mais baratas para as empresas, um efeito que não existia há quatro anos, por exemplo. O total de títulos verdes emitidos globalmente em 2018 foi de US$ 168 bilhões, de acordo com a CBI, e a projeção para este ano é de que alcance R$ 200 bilhões. O Brasil tem um total de US$ 5,5 bilhões emitidos desde 2015 (O Estado de S.Paulo, 1/10/19)