15/08/2019

Economia da Alemanha encolhe no segundo trimestre

Economia da Alemanha encolhe no segundo trimestre

Legenda: Exportações alemãs foram afetadas pela guerra comercial entre a China e os EUA

 

Após crescimento de 0,4% no primeiro trimestre, PIB alemão contrai 0,1% de abril a junho e deixa maior economia da zona do euro à beira da recessão técnica. Índice foi afetado pelos resultados ruins do comércio exterior.

    

O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha registrou uma contração de 0,1% no segundo trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores, informou nesta quarta-feira (14/08) o Departamento Federal de Estatísticas (Destatis).

O ministro alemão da Economia, Peter Altmaier, classificou a notícia de um "sinal de alerta", acrescentando que a preocupação agora é, através das "medidas corretas", evitar uma recessão técnica – o que ocorre quando o PIB encolhe em dois trimestres seguidos.

A contração da economia nos meses de abril a junho ocorre após um aumento de 0,4% no primeiro trimestre. A Alemanha já havia beirado a recessão técnica na segunda metade de 2018, com uma contração de 0,2% no terceiro trimestre.

A contração atual é atribuída principalmente à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que danifica o rendimento de seu potente setor externo e da indústria manufatureira.

"O setor externo freou a evolução do crescimento econômico, porque as exportações retrocederam mais do que as importações com relação ao trimestre anterior", explicou o Destatis em nota, na qual ressaltou que a demanda interna e o gasto público apresentaram crescimento entre abril e junho.

A demanda interna se tornou um importante impulsionador do crescimento para a Alemanha nos anos recentes, quando os consumidores se beneficiam de uma taxa de emprego recorde, aumentos de salários e crédito baixo.

O mercado de trabalho alemão se manteve em ritmo de crescimento, com 45,2 milhões de empregados, um aumento de 1% em relação ao primeiro trimestre, segundo o Destatis.

Já a produção industrial, em junho, caiu 5,2% em termos anualizados, a maior queda em uma década, e as exportações despencaram 8%, a maior queda em três anos, segundo dados divulgados nos últimos dias.

O setor da construção foi outro que sofreu retração neste trimestre, após um crescimento nos primeiros três meses do ano, devido a um inverno atipicamente ameno.

A indústria automotiva, principal empregadora e exportadora do país, também não atravessa bom momento, após o escândalo da manipulação de emissões de motores a diesel.

Entre os fatores externos que contribuíram para a contração da economia alemã no segundo trimestre estão ainda as incertezas em torno do Brexit, que caminha para um divórcio sem acordo após a nomeação de Boris Johnson como primeiro-ministro britânico, e o esfriamento econômico na zona do euro, com especial atenção aos problemas políticos na Itália.

"Estamos numa fraqueza conjuntural, mas ainda não estamos em uma recessão, o que podemos evitar, se tomarmos as medidas certas", afirmou o ministro Altmaier. Ele acrescentou ser importante uma política de crescimento inteligente, que garanta empregos. Isso incluiria, segundo ele, medidas de alívio para empresas, especialmente as de médio porte (Deutsche Welle, 14/8/19)