Elon Musk fecha parceria com governo para rede de satélites na Amazônia
Fábio Faria e o empresário Elon Musk -
Legenda: O ministro Fábio Faria (à esq.) e o empresário Elon Musk, durante encontro nos EUA - Fábio Faria no Twitter
Acerto com o Ministério das Comunicações prevê também melhorias para escolas rurais.
O governo brasileiro e a SpaceX, do empresário Elon Musk, fecharam um acordo para oferecer internet em áreas remotas do Brasil usando a tecnologia de satélites de baixa altitude, segundo o Ministério das Comunicações.
A pasta diz que o programa deve começar a ser implantado em 2022. A parceria para satélites de baixa órbita não depende de licitação, e pode ser fechada por meio de um processo administrativo via Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
A SpaceX pediu licença para a autarquia e aguarda a liberação. Os valores envolvidos na parceria não foram informados.
A tecnologia será incorporada ao programa Wi-Fi Brasil, iniciativa federal que oferece gratuito à internet sem fio em instituições públicas, como escolas e unidades de saúde, e em praças, e é voltado para áreas pobres onde não há oferta adequada de acesso.
A proposta da parceria com a SpaceX é ampliar a conectividade de escolas em zonas rurais e na região da Amazônia. Os satélites e o aumento do acesso à internet na região podem ajudar a monitorar o desmatamento da floresta, segundo o governo.
"O nosso objetivo é levar internet para área rurais e lugares remotos, além de ajudar no controle de incêndios e desmatamentos ilegais na floresta amazônica", disse o ministro Fábio Faria, que se reuniu com Musk em Austin, no Texas, na tarde desta segunda-feira (15). A parceria foi confirmada nesta terça (16).
"Com melhor conectividade, podemos ajudar a garantir a preservação da Amazônia e evitar que haja desmatamento ilegal", comentou Musk, em um vídeo divulgado nas redes sociais de Faria. Os dois conversaram por algumas semanas antes de fechar o acordo.
A SpaceX, que também tem investido no turismo espacial, tem cerca de 4.500 satélites que orbitam em baixa altitude. A categoria inclui equipamentos que ficam em órbita a até 2.000 km de altitude. Como comparação, aviões comerciais voam a cerca de 10 km acima do solo.
Disputando mercado com outras gigantes como a Amazon, Musk deve investir US$ 30 bilhões (R$ 162,5 bilhões) no projeto chamado Starlink, que já colocou em órbita mais de 1.500 satélites para fornecer internet a quase 70 mil usuários.
Em julho, a SpaceX firmou parceria com o Chile, onde vai habilitar internet a duas cidades. Para fazer a conexão, a empresa entregou kits de recepção de sinal de satélite, que permitirão serviços gratuitos de acesso por um ano. Depois, o custo deve ser absorvido pelos municípios. A empresa se comprometeu a oferecer um potencial de velocidade de download que varia de 50 Mb/s a 150 Mb/s —50Mb/s é suficiente para baixar uma música de cinco minutos a cada segundo.
Na semana passada, em Glasgow, Faria também se reuniu com a britânica OneWeb, que atua no mesmo setor, possui 350 satélites de baixa órbita e pretende dobrar a operação no próximo ano. Assim como a SpaceX, a empresa já pediu licença para a Anatel para operar no país.
Em 5 de novembro, o governo brasileiro realizou o leilão do 5G, que movimentou R$ 47,2 bilhões e gerou obrigações para as operadoras vencedoras dos lotes nos próximos 20 anos.
Claro, Vivo e Tim, que arremataram lotes nacionais, terão de implementar projetos de conectividade em escolas públicas. Tim, Algar Telecom e Fly Link levaram lotes regionais que possuem a mesma exigência (Folha de S.Paulo, 17/11/21)