13/02/2019

Empresariado busca seu futuro no passado

Empresariado busca seu futuro no passado

Um dirigente da Fiesp que já participou de bravas jornadas em nome da democracia e do desenvolvimento durante o regime militar defende um retorno ao passado para permitir que o empresariado volte a protagonizar a cena política e econômica. A tese é que as entidades de classe estão perdendo prestígio e representação em todos os setores, ficando restritas à agenda de pedintes em causa própria. “Ninguém mais nos ouve”, reclama.

O empresariado não tem mais um projeto de poder, de tomada do Estado ou mesmo de negociação junto aos governos. É como se tivesse se divorciado do interesse nacional, ficando restrito as suas pequenas causas. CNI, Confederação Nacional do Comércio, Fiesp, Confederação da Agricultura, Febraban, Anfavea... Lembre-se de qualquer outra entidade, pois não importa. Todas perderam a ressonância individual.

O paladino do empresariado paulista acha que a solução para o desprestígio isolado seria a coletivização das forças. Lembra-se da Confederação Nacional das Classes Produtoras (Conclap), que eram enormes congregações de entidades patronais. As Conclaps detinham um Conselho Superior que formulava sugestões técnicas para que a megaentidade pressionasse o governo.

A primeira Conclap se deu em 1945. Reuniu nada mais nada menos do que 680 entidades empresariais representativas do comércio, indústria, agricultura e bancos. Realizou-se na Região Serrana do Rio, e lá foi redigida a célebre Carta de Teresópolis. A III Conclap ocorreu em 1972, no Museu de Arte Moderna, reunindo 1,5 mil empresários de todo o país. Nomes como Jorge Geyer, Jorge Oscar de Mello Flores e Raphael de Almeida Magalhães estiveram envolvidos na montagem do conclave. Simonsen produziu textos técnicos.

Em 1977, no Hotel Nacional, realizou-se a quarta e última das Conclaps. Mais de dois mil empresários participaram e o assessor técnico foi Carlos Geraldo Langoni, que viria a ser presidente do Banco Central. Esses eventos e as articulações adjacentes conseguiram escrever capítulos na história de participação dos empresários no planejamento e implementação de políticas de desenvolvimento nacional.

O rebelde da Fiesp, fonte do RR, afirma que como está hoje as organizações do empresariado só ficarão levando carões, a exemplo da ameaça de corte de parcela do Sistema S. “Viramos tiririca do brejo. Só ficamos tratando da copa e cozinha nas nossas associações. Como está hoje, estamos excluídos. Mas fazemos parte desse jogo tanto quanto eles que estão lá nos Três Poderes”, disse (Relatório Reservado, 12/2/19)