Energias renováveis ficam aquém das metas climáticas, diz AIE
A capacidade de geração de eletricidade a partir de fontes renováveis deve aumentar em até 50% nos próximos cinco anos, impulsionada por medidas de apoio governamental e pela queda dos custos. No entanto, essa expansão é insuficiente para desacelerar o aquecimento global, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
Esses ganhos representam um aumento de cerca de 1.200 gigawatts entre 2018 e 2024, o equivalente a toda a capacidade instalada nos EUA, segundo um relatório publicado na segunda-feira pela agência sediada em Paris. Os países estão adicionando mais energia limpa como parte essencial dos esforços para reduzir as emissões de carbono no fornecimento de energia, mas o ritmo ainda não é rápido o bastante, informou a AIE, que assessora nações ricas em questões energéticas.
“As energias renováveis já são a segunda maior fonte de eletricidade no mundo”, disse Fatih Birol, diretor-executivo da AIE. “Mas sua implantação ainda precisa se acelerar se quisermos atingir metas de longo prazo relativas ao clima, qualidade do ar e acesso a energia.”
À medida que China, Europa e EUA intensificam a implantação de turbinas eólicas e painéis solares, a participação das energias renováveis na geração global de energia subirá de 26% atualmente para 30% em 2024, segundo a IEA.
Esses ganhos — cerca de 60% — virão sobretudo da energia solar. Os custos da energia solar em grande escala e da energia distribuída a partir de painéis fotovoltaicos podem diminuir 35% até 2024. Desta forma, em alguns países, o custo de usinas solares de grande escala ficará igual ou menor que o de usinas movidas a combustíveis fósseis. A presença de painéis em residências, escritórios e fábricas deve se ampliar à medida que os custos diminuem. Boa parte da expansão ocorrerá em edifícios comerciais e industriais, mas um quarto do crescimento virá do segmento residencial, com cerca de 100 milhões de sistemas instalados em telhados de casas até 2024.
As energias renováveis também estão avançando no aquecimento dos edifícios. A demanda por aquecimento e refrigeração de edifícios e plantas industriais é responsável por praticamente metade do consumo global de energia e por 40% das emissões globais de dióxido de carbono.
O aquecimento fornecido por energias renováveis deverá aumentar 22% até 2024, de acordo com a AIE. China, União Europeia, Índia e EUA são os maiores contribuidores desse crescimento. Ainda assim, as energias renováveis darão suporte a apenas 12% do consumo global de aquecimento até 2024, saindo de 10% atualmente.
Na Índia, o consumo de aquecimento via energias renováveis tende a aumentar, mas sua participação na geração de aquecimento ficará estável por causa do uso de combustíveis fósseis para atender à crescente demanda (Bloomberg, 21/10/19)