Enfim, Anfavea reconhece as vantagens do etanol “verde-amarelo”
BANDEIRA DO BRASIL EM GRAFICOS -Imagem- Depositphotos – Montagem- Julia Shikota
“Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, afirmou que há planos para conceder bonificações aos consumidores que optarem pelo combustível renovável. A ideia é oferecer algo similar aos programas de milhagem disponibilizados por cartões de crédito e companhias aéreas”
“É uma forma de estimular o uso do álcool, que perde espaço por ser menos atraente que a gasolina na maioria dos estados, devido ao menor rendimento. Há, contudo, vantagens ambientais em comparação aos combustíveis de origem fóssil”
“O estímulo aos carros menos poluentes deve ganhar força com o PL dos combustíveis, que vem sendo chamado de PL do futuro pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira”
Por Ronaldo Knack
No ano em que se comemoram 20 anos de lançamento do motor flex-fuel no Brasil, a Anfavea (associação das montadoras) dá uma demonstração da importância e vantagens do etanol inclusive “ambientais”. A boa notícia ganhou esta manchete na edição desta 5ª feira (15) da Folha de S.Paulo: “Anfavea leva carros elétricos a Brasília e quer incentivo ao uso do etanol”.
Engana-se quem pensa que a tecnologia dos motores “flex-fuel” foi desenvolvida pelos associados e fornecedores da Anfavea preocupados com as vantagens que o etanol oferecia. Primeiro, porque o 1º veículo que usava, ao mesmo tempo, etanol e gasolina, foi o modelo T desenvolvido por Henry Ford em 1908.
Segundo, vale relembrar que as montadoras, depois de surfarem na onda do lançamento do carro a álcool a partir de 1978 e até 1986, período em que praticamente todos os carros fabricados eram movidos a esse combustível, aderiram ao boicote ao álcool encetado pela Petrobras que criou uma série de narrativas mentirosas e falácias.
Em março de 1999, Mário Covas então governador do Estado de São Paulo e FHC presidente da República, ambos do PSDB, criaram e estimularam politicas públicas para atingir aos usineiros que não os apoiaram nas suas candidaturas. Em Sertãozinho, berço do Proálcool, iniciamos o movimento “Grito pelo Emprego e pela Produção”.
Bloqueio de estradas, distribuição gratuita de álcool nas principais cidades das regiões produtoras e uma forte campanha de mobilização dos trabalhadores e produtores de cana acabaram atingindo a imagem e os interesses das montadoras.
Em uma reunião tensa entre dirigentes do movimento e da Anfavea, na Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto, as montadoras foram notificadas a voltarem a produção de veículos movidos a álcool. Do contrário, protestos seriam feitos em São Paulo incluindo a “tomada” da sede da Anfavea (Av. Indianópolis, 496 - Indianópolis, São Paulo – SP).
Menos de 24 depois, dirigentes de montadoras anunciavam que a tecnologia de motores “flex-fuel” estava pronta e disponível para equipar os novos veículos produzidos. Na verdade, esta tecnologia já estava disponível há meses mas não havia o interesse das montadoras em colocá-la no mercado.
Sob pressão o fizeram. Pena que, após 20 anos, lideranças do setor produtivo do etanol aplaudem o “lançamento” omitindo esta parte da história. Até porque, a ser verdade que a história se escreve através dos vencedores, quem ganhou esta disputa foram os produtores de etanol e, principalmente, a Nação Brasileira.
A propósito e em pleno ambiente de discussão da “Economia Verde” e “Transição Energética”, sugerimos a leitura da matéria abaixo publicada na edição do dia 17/12/2019 do nosso www.brasilagro.com.br (Ronaldo Knack é Jornalista, bacharel em Administração de Empresas e Direito, fundador e presidente do BrasilAgro); ronaldo@brasilagro.com.br)
BrasilAgro foi mídia pioneira a lançar e divulgar o Renovabio
BrasilAgro foi mídia pioneira a lançar e divulgar o Renovabio
O então ministro de Minas e Emergia, Fernando Coelho Filho, assina ao lado do presidente Michel Temer, o projeto de lançamento do Renovabio que representa o marco regulatório dos biocombustíveis no Brasil
Às 14hs do dia 9 de dezembro de 2016, na sede do Ministério de Minas e Energia, o então secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Márcio Felix iniciava uma entrevista para o TV BrasilAgro conduzida pelo jornalista Ronaldo Knack. Era uma sexta-feira dia em que as autoridades estão fora de Brasília.
Legenda- Entrevista do secretário Márcio Félix ao jornalista Ronaldo Knack tornou pública a intenção do governo do presidente Michel Temer em apoiar e incentivar o futuro dos biocombustíveis no País
O jornalista fora convidado pelo MME para ser o primeiro a saber que um conjunto de medidas em defesa dos biocombustíveis, produzido pela equipe do então ministro Fernando Coelho Filho seria lançado no Palácio do Planalto quatro dias após pelo presidente Michel Temer.
A partir do final da década de 70, Ronaldo Knack à época pela Folha de S.Paulo, acompanhou o lançamento, a evolução e todas as crises da produção de etanol. Também foi o pioneiro na divulgação do biodiesel e um combatente feroz contra as políticas públicas e interesses de grupos no poder para impedir a evolução dos biocombustíveis no País.
Denunciou boicotes e sabotagens, muitas com a anuência e até mesmo estímulo de ‘pseudo’ líderes das entidades empresariais que compõem a cadeia produtiva dos biocombustíveis e da energia renovável. “Os maiores desmandos e interesses contrários a evolução dos biocombustíveis ocorreu durante os malfadados governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e da era do PT & Associados com Lula e Dilma”, afirma.
Por volta das 16hs do dia 9 de dezembro de 2016, Ronaldo Knack deixava a sede do Ministério das Minas e Energia com uma entrevista gravada para o TV BrasilAgro que impactaria fortemente o setor e trazia a mensagem de que o marco regulatório dos biocombustíveis estava começando a se tornar realidade.
Horas depois, ao chegar a Ribeirão Preto, sede do BrasilAgro, redigiu um texto a uma centena de lideranças do setor comentando as declarações do secretário Márcio Félix: “Ninguém acreditava, ou melhor, apenas Paulo Gallo, à época presidente do CEISE – Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis se animou com a notícia, pois recebera meses antes durante visita a Fenasucro o secretário Márcio Félix e o acompanhou, junto com a então presidente da Única, Elizabeth Farina, a uma visita à Usina São Martinho”.
Na entrevista ao TV BrasilAgro Márcio Félix comentou que ficou muito impressionado com a tecnologia usada pelas usinas para transformar a cana em açúcar, etanol e bioeletricidade, o que alavancou a iniciativa de se criar o Renovaio. No domingo, dia 11/12, o TV BrasilAgro ia ao ar com a notícia que mudaria, definitivamente, o futuro dos biocombustíveis no País.
Na segunda, dia 12, o Site e o Clipping do BrasilAgro (www.brasilagro.com.br) reproduzia e ampliava as informações em torno do programa que acabou sendo lançado no dia seguinte, 13, no final da tarde no Palácio do Planalto pelo presidente Michel Temer. “O lançamento repercutiu timidamente na imprensa e menos ainda no setor, talvez por ignorância, conhecimento e falta de visão estratégica e” acrescenta Ronaldo Knack.
Na opinião do experiente jornalista a ‘pseudo’ liderança dos dirigentes das entidades que compõem a cadeia produtiva dos biocombustíveis impediu e continua impedindo que o setor tenha o reconhecimento e a importância que têm. “Falta uma oxigenação nos conceitos e nas idéias e os produtores deveriam repensar e reinventar a atividade e o seu futuro. Do contrário, logo mais adiante, o setor volta a se afundar em crises como a iniciada de denunciada em 2007 por nós”, conclui (Da Redação, 17/12/19)