28/07/2022

Enquanto Rússia corta gás para a Europa, gasoduto à China avança

Legenda: O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da China, Xi Jinping - Imagem: Shutterstock/Envato/Brenda Silva

Vladimir Putin, e  Xi Jinping - Imagem Shutterstock Envato Brenda Silva

 

O canal de transporte do gás natural está em fase final de construção e interliga a Sibéria a Xangai; a China aumentou o fornecimento da commodity russa em 63,4% no primeiro semestre deste ano.

 

A invasão da Ucrânia colocou a Rússia em rota de colisão com os países vizinhos e deflagrou uma nova “guerra”: a do gás natural. Em meio ao conflito, o governo de Vladimir Putin apertou o fornecimento do insumo e deixou os países da União Europeia preocupados com a iminente escassez dos combustíveis

Por outro lado, esse problema não deve bater à porta dos aliados da Rússia. A China, por exemplo, terá em breve um novo gasoduto partindo da terra de Putin. O canal de transporte do gás natural está em fase final de construção e interliga a Sibéria a Xangai. 

O gasoduto — que está em construção há oito anos pelas empresas estatais russa Gazprom e chinesa China National Petroleum — tem capacidade de enviar cerca de 38 milhões de metros cúbicos por dia. 

No primeiro semestre, a Gazprom aumentou o fornecimento de gás para a China em 63,4% por meio do gasoduto “Power of Siberia”, como é conhecida a região energética na Rússia, que começou a enviar a commodity para o país de Xi Jinping em dezembro de 2019. 

Por fim, o gasoduto deve ser totalmente finalizado em 2025, segundo a mídia estatal chinesa. 

Em paz com a China

Em um momento de escalada de tensões com o Ocidente, em uma retaliação aos países que apoiaram a Ucrânia e aplicaram sanções à Rússia, Putin mantém seu maior aliado bem perto. 

O gasoduto China-Rússia se contrapõe ao momento de perdas de gás natural para a Europa, ainda que o país de Xi Jinping não consuma o combustível da mesma forma. A China, por sua vez, tem diversificado as opções de energia — gás, petróleo, carvão, nuclear, eólica e solar. 

O gás natural, por exemplo, corresponde a uma pequena fração energética diante das principais fontes de combustível, que são o petróleo bruto e o carvão

Ao todo, a Rússia já investiu cerca de US$ 55 bilhões para a construção do gasoduto “Power of Siberia”. As importações do gás na China totalizaram um pouco mais de 6% do valor empregado, cerca de US$ 3,81 bilhões desde 2019. 

Entre janeiro e junho deste ano, as exportações de gás da Gazprom para a China através do gasoduto aumentaram 63,4%, para 7,5 bilhões de metros cúbicos.

Isso se deve à expansão de um acordo anual entre os dois países, que prevê o fornecimento de 10 bilhões de metros cúbicos — ainda não se sabe quando isso deve acontecer nem em quanto tempo. 

Além disso, a China e a Rússia discutem a construção de outros gasodutos, incluindo um que deve partir da Sibéria até a Mongólia. A construção deve começar dentro de dois anos.

Além do gás: energia nuclear e carvão

Na contramão do mundo, que está em busca de fontes renováveis para a produção energética, tanto a China quanto a Rússia estão investindo nas formas antigas, como a queima de carvão, além da controversa energia nuclear. 

Em maio de 2021, Vladimir Putin e Xi Jinping participaram de um evento sobre a cooperação nuclear China-Rússia, em que um dos projetos era a construção conjunta de duas usinas nucleares na China.  

Nos últimos meses, o país chinês tem comprado mais carvão russo, aproveitando o desconto da Rússia, após as sanções dos outros países a outras commodities, como o gás natural e o petróleo (Money Times, 27/7/22)