Entrega de fertilizantes pode atrasar plantio da nova safra de soja em MT
A cerca de 60 dias do início da nova safra de soja, produtores rurais em Mato Grosso temem atraso na plantação por causa da demora na entrega de fertilizantes utilizados para preparar o solo, reflexo da demora no tabelamento de preços do frete.
Dono de uma fazenda Sinop, a 503 km de Cuiabá, o produtor Gilberto Baldissera explicou que 40% dos 1,5 mil hectares precisam ser colhidos, mas que, até o momento, recebeu apenas duas cargas de fertilizantes, sendo uma de adubo e outra de fósforo.
"Nós encomendamos cerca de uma tonelada de adubos e ainda não chegaram. O prazo para início no plantio já está chegando", disse.
Entrega de fertilizantes está atrasada em Mato Grosso
O produtor rural explicou que também espera a chegada de 900 toneladas de calcário, que é o primeiro insumo aplicado no solo.
"Já era para estarmos incorporando o solo, porque ele precisa estar pronto cerca de 50 dias antes do plantio", afirmou.
Tabela de frete
Conforme os produtores, a demora no tabelamento dos fretes - que tem dificultado o escoamento dos grãos que já foram colhidos - também impactam no plantio, uma vez que, normalmente, os caminhões que levam as cargas até os portos retornam para as fazendas com os fertilizantes.
Segundo o Conselho Estadual das Associações das Revendas de Produtos Agropecuários de Mato Grosso (Cearpa), o travamento na tabela de preços do frete prejudica todo o setor agropecuário.
Os revendedores de fertilizantes, por exemplo, estão preocupados com a falta de material para repassar aos clientes.
Em uma empresa de Sorriso, a 420 km de Cuiabá, a quantidade de insumo recebidos é 30% menor, comparado com o mesmo período de 2017.
Segundo o gerente comercial Igor Ferreira, a empresa comercializa cerca de 90 mil toneladas de fertilizantes.
"Pela nossa programação, esses fertilizantes já deveriam estar 100% dentro dos nossos estoques", contou (G1, 16/7/18)
Empresas negociam frete para garantir adubo à safra
Empresas de fertilizantes estão conseguindo com algumas transportadoras frete a preços intermediários entre o que era cobrado antes e depois do tabelamento. A negociação visa a garantir que o campo receba ao menos parte do insumo necessário para o plantio da safra 2018/19, que começa em agosto.Hoje, a maior parte do volume está parada nos portos.
A região de Londrina, no norte do Paraná, por exemplo, teria recebido até agora cerca de 40% do esperado para esta época. Já Mato Grosso do Sul, 30%, e Mato Grosso, maior produtor nacional de grãos, menos que isso. O setor produtivo teme que, se o presidente Michel Temer sancionar a MP do Fretem aprovado na semana passada pelo Congresso, fertilizantes ficarão mais caros, o que pode inibir a compra do insumo por agricultores.
No porto de Paranaguá, adubos estão sendo descarregados normalmente, segundo a administração. Em junho, o terminal recebeu cerca de 835 mil toneladas, 12% menos que em igual mês de 2017. A maior parte teria sido acomodada nos 60 armazéns do local, geridos pela iniciativa privada. “Algumas empresas conseguem transferir produto para as fábricas, mas estamos trabalhando em ritmo inferior ao necessário e dificilmente conseguiremos recuperar o atraso”, diz Carlos Heredia (Foto), presidente do Conselho da Associação Nacional de Difusão de Adubos (Anda) (O Estado de S.Paulo, 16/7/18)