22/09/2021

Está confirmado: seca e geadas cortarão a próxima safra de café do Brasil

Está confirmado: seca e geadas cortarão a próxima safra de café do Brasil

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Legenda: As geadas atingiram cerca de 10% da área de café do Brasil

prolongada seca e as geadas de julho resultarão em perdas significativas para a próxima safra de café do Brasil, disseram especialistas reunidos em fórum realizado hoje (21) pela Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do país.

O professor José Donizeti Alves, especialista em café da Universidade Federal de Lavras (MG), disse que a cafeicultura viveu um “ano muito singular”, por conta de três geadas e pela seca. Ele comentou ainda que as intempéries vão causar problemas também para safra 2023. “Não é retórica, é a realidade”, afirmou.

Mas Alves considera que, embora as geadas sejam um fator importante para a próxima safra, a seca será a causadora das maiores perdas. “Os prejuízos às safras do ano que vem pela seca podem superar em 1,5 a 2 vezes os prejuízos pela geada”, disse.

O especialista explicou que as geadas, apesar de terem atingido cerca de 10% da área de café do Brasil, afetaram as regiões com intensidades diferentes – e uma mesma lavoura pode ter sido mais ou menos atingida.

“Já a seca é um fenômeno generalizado e de longa duração. Cobriu quase todo o parque cafeeiro e todas as fase fenológicas do cafeeiro”, afirmou.

A escassez de chuva, que vem desde o ano passado, resultou em problemas para o desenvolvimento dos ramos e “vai faltar rosetas para produzir café no próximo ano”, disse Alves.

Segundo o coordenador de geoprocessamento da cooperativa Cooxupé, Éder Ribeiro dos Santos, os danos causados para os cafezais pelas geadas foram “muito grandes”, com impacto na safra de 2022.

Ele comentou que as condições iniciais para a safra 2022 não estão nada favoráveis também devido à prolongada seca. Mas não detalhou o tamanho das perdas.

A safra de 2022 seria a de alta na bienalidade do café arábica, quando a produção supera à do ano anterior.

Hoje, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reduziu a estimativa de produção do Brasil em 2021 para 46,9 milhões de sacas de 60 kg, quase 2 milhões de sacas abaixo da previsão de maio, com uma colheita de grãos arábica menor do que a esperada (Reuters, 21/9/21)


Conab reduz previsão de safra de café do Brasil, especialmente de arábica

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A produção total do país cairá 25,7% na comparação com o recorde de 2020, de mais de 63 milhões de sacas

safra de café do Brasil deste ano foi estimada hoje (21) em 46,9 milhões de sacas de 60 kg, quase 2 milhões de sacas abaixo da previsão de maio, com uma colheita de grãos arábica menor do que a esperada, de acordo com levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Com isso, a produção total de café do Brasil, incluindo arábica e robusta/conilon, cairá 25,7% na comparação com o recorde de 2020, de mais de 63 milhões de sacas.

Segundo a Conab, a redução se deve ao ciclo de bienalidade negativa do café arábica, que alterna anos de alta e baixa produtividade, e ao impacto da seca.

“Além disso, as condições climáticas no início do ciclo foram desfavoráveis, principalmente, com relação às chuvas, ficando abaixo do esperado em várias regiões produtoras”, disse a Conab.

A safra de café arábica no maior produtor e exportador global foi prevista em 30,7 milhões de sacas, ante 33,36 mi sacas na estimativa anterior. Tal previsão sinaliza redução de 36,9% na comparação com o ciclo passado.

De outro lado, a Conab elevou a previsão de safra 2021 de café canéfora (robusta/conilon) do Brasil para 16,15 milhões de sacas, ante 15,44 milhões na projeção de maio. Esse volume representa crescimento de 12,8% ante o ciclo anterior.

Segundo a Conab, a área em produção, atualmente estimada em 1,8 milhão de hectares, é 4,4% menor que na safra anterior, também colaborando para a colheita menor.

O terceiro levantamento da safra foi realizado entre agosto e setembro. Na ocasião, a colheita da safra 2021 já estava em fase final de execução (Reuters, 21/9/21)