27/11/2023

Estadão destaca apoio de aliados de Tarcísio à chapa de oposição na Faesp

Estadão destaca apoio de aliados de Tarcísio à chapa de oposição na Faesp

Foto  Paulo Junqueira, advogado, empresário do agronegócio e presidente do Sindicato e da Associação Rural de Ribeirão Preto e o governador Tarcísio de Freitas. Fotos Reprodução Estadão

 

O jornal O Estado de S.Paulo, em sua edição deste último sábado (25) publica matéria, com destaque, na sua editoria de Política, de autoria do jornalista Gustavo Côrtes, mostrando o apoio de aliados do governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao grupo de oposição liderado pelo advogado e presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, Paulo Junqueira, nas eleições da Faesp – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo.

 

“Apoiar e ser apoiado pelo grupo do governador Tarcísio de Freitas constitui uma deferência importante, por tratarem-se de gestores sérios, honestos e competentes. Este grupo acabou com o ciclo de 30 anos do PSDB e está inovando com trabalho e criatividade. Há entre nós uma importante conexão que coloca o agronegócio num patamar e nível jamais vistos. Muito nos honra contar com este apoio que pode alavancar mudanças estruturais no comado da Faesp/Senar”, afirma Paulo Junqueira.

 

Ele também comenta o convite que fez e que levou o ex-presidente Jair Bolsonaro na abertura da Agrishow/2023 no último dia 1º de maio em Ribeirão Preto: “Bolsonaro foi recebido calorosamente e ovacionado pelos produtores rurais em sua visita ao evento. Já o presidente Lula e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que também foram convidados, inventaram a narrativa do “desconvite” que nunca existiu. Com seu gesto, Lula teve o primeiro revés público do agronegócio, setor que sustenta a economia brasileira,  que tem sido prejudicado em seu governo, pois, como declarou publicamente, o setor é formado por fascistas”.

 

A oposição tenta por fim ao mais longevo ciclo de comando sindical patronal da história brasileira que, sob o comando do comendador Fábio Meirelles, ocupa o poder há meio século, em administrações recheadas de denúncias, nunca contestadas, e veiculadas pela mídia. Para piorar, ele quer passar o bastão para seu filho Tirso e, antes de deixar, a presidência, conseguiu através de uma Assembléia Geral da entidade uma inédita “quitação plena e irretratável da sua gestão”.

 

As irregularidades apontadas pela oposição no processo eleitoral da Faesp levaram o grupo a apresentar à Justiça do Trabalho denúncia e ação de “Fraude Processual”. Amanhã (28) será conhecido o resultado da ação que corre na 23ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho 2ª Região. Ao mesmo tempo, um rol de denúncias sobre  escândalos cometidos pelo comendador Meirelles têm sido divulgados pela Revista Veja, jornal Folha de S.Paulo, site g1, Revista Oeste e pelo BrasilAgro, dentre outros veículos de comunicação.

O comendador Fábio Meirelles, denúncias de nepotismo vergonhoso e descarado desvio de conduta é, também, recordista ao acumular meio século no comando da Faesp/Senar. Não satisfeito, tenta usar o que já foi seu “prestígio” para emplacar seu filho Tirso em sua sucessão. Foto Reprodução/Divulgação

 

“Além das fraudes processuais que denunciamos no processo eleitoral da Faesp/Senar, há denúncias sérias que não foram esclarecidas até o momento, como a compra de 500 mil testes contra a Covid/19 e que deveriam ter sido distribuídas aos produtores rurais do Estado de São Paulo. Aqui em Ribeirão Preto, capital brasileira do agronegócio, não apareceu nenhum deles. Os associados do Sindicato Rural e seus familiares foram vacinados e testados através do Sistema SUS”, explicou Paulo Junqueira.

 

As denúncias destes escândalos nunca foram rebatidas e esclarecidas e colocam sob suspeição o argumento da diretora jurídica da Faesp/Senar, Angela Gandra Martins, que acusa Paulo Junqueira de “denegrir”. O verbo denegrir caracteriza, em um sentido figurado, a ação de difamar a reputação de alguém. Esta ação se refere ao fato de manchar a boa imagem de alguém ou de uma instituição, através de atitudes ou declarações.

 

Paulo Junqueira garante que “os escândalos foram publicados pela mídia, com provas, tanto é que não houve qualquer contestação pública das denúncias, todas expressivamente graves e que certamente pesarão na consciência dos presidentes e dirigentes sindicais rurais que participarão das eleições marcadas para o próximo dia 4 de dezembro. O grupo que comanda a Faesp/Senar nos últimos 50 anos usou e abusou, há denúncias graves de nepotismo e de uso de recursos da instituição para promoção de festas privadas. Infelizmente a Faesp é a federação rural mais retrógrada do País”.

 

DESPRESTÍGIO

 

Nesta última 6ª feira, durante evento promovido no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, ficou mais uma vez evidente o prestígio que o grupo de oposição na Faesp/Senar têm. O autor do Projeto de Lei Rotas Rurais, o deputado estadual Lucas Bove (PL) agradeceu e citou várias vezes, o nome do advogado e líder rural Paulo Junqueira. Ninguém citou o nome do candidato da situação à sucessão na Faesp/Senar, Tirso Meirelles.

 

O evento serviu para enaltecer o programa “Rota Rural”  uma luta do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, através de seu presidente Paulo Junqueira ao Governo do Estado de São Paulo. “É um programa pioneiro e São Paulo foi um dos primeiros estados do Brasil a endereçar a zona rural, levando assim mais cidadania à população do campo. Estimamos que aproximadamente 2 milhões de residentes da zona rural serão beneficiados pelo programa até agora. Parabéns ao governador Tarcísio, ao secretário da Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai Silva Filizzola, ao deputado estadual Lucas Bove e a todos os envolvidos.”

 

Aliás, a participação de Tirso Meirelles no evento do Palácio dos Bandeirantes foi patética e motivo de chacota por parte da plateia que se divertia com as “Tirsetes”, grupo que usava camisetas alusivas à campanha do filho do comendador Meirelles para sucedê-lo. Quando o grupo chegou ao estacionamento do Palácio dos Bandeirantes chegou a ser barrado pela segurança.

 

Foi necessária a intervenção da Casa Militar para que os liberassem para circular no evento. Conhecido dirigente sindical rural que integra o grupo de oposição comentou com jornalistas que “Tirso não passa de um oportunista e atitudes como esta de trazer uma “claque de baba-ovos paga pelo sistema” mostram sua imaturidade e despreparo que, já nas eleições de 2010, encerraram de forma vergonhosa e trágica sua campanha a deputado federal pelo PSDB”.

 

O mesmo dirigente enfatizou que “a Faesp precisa estar conectada com temas como as questões da sustentabilidade ambiental, social, governança, economia verde, tecnologia e agronegócio 4 e 5.0, energia limpa e renovável e ajudar a consolidar o Brasil como protagonista e maior produtor e exportador mundial de alimentos, fibras e novas energias como o hidrogênio verde”, concluiu (Da Redação, 26/11/23)

Matéria: Com apoio de aliados de Tarcísio, fazendeiro vai à Justiça para disputar comando de federação

Por Gustavo Côrtes

Paulo Junqueira trava batalha pelo controle da entidade que congrega 235 sindicatos rurais e tenta reverter decisão que derrubou sua chapa; atual direção da Faesp nega qualquer perseguição.

Com o apoio de aliados do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o fazendeiro Paulo Junqueira trava uma briga na Justiça para tentar se candidatar à presidência da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), uma entidade que congrega 235 sindicatos rurais patronais e tem orçamento da ordem de R$ 60 milhões. Em outubro, ele protocolou uma chapa com mais de 50 produtores e dirigentes sindicais do setor, mas foi barrado por não apresentar a documentação necessária dos integrantes do grupo. Agora, tenta reverter a decisão na Justiça, apontando perseguição, o que a atual direção da Faesp nega.

A preferência por Junqueira dentro do governo Tarcísio se dá não apenas pela proximidade com o empresário, que foi doador de campanha do governador em 2022, mas também pelos desentendimentos de integrantes da gestão com o adversário dele, Tirso Meirelles, atual vice-presidente da Faesp, que ocupava o comando do Sebrae-SP durante a transição.

 

Na época, Tirso barrou a tentativa do governo de nomear Guilherme Campos (PSD-SP) na superintendência do órgão, tendo atuado para sustentar Marco Vinholi. No fim, nenhum dos dois ficou com a função e, agora, integrantes do governo querem dar o troco.

 

Ao tentar se candidatar ao comando da Faesp, porém, Paulo Junqueira recebeu notificação enviada pela entidade registrando falta de requisitos como a comprovação de pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR) nos dois anos anteriores e o certificado de cadastro no INCRA. Diz ainda que Junqueira não informou o próprio RG.

Empresário Paulo Junqueira tenta se candidatar ao comando da Faesp. Foto Reprodução Instagram Sindicato dos Produtores Rurais de Ribeirão Preto

O ruralista afirma, porém, ter juntado parte dos papéis que faltavam 72 horas após ser notificado e que os entregou na sede da entidade na data limite para o ato. Queixa-se ainda do tempo curto para cumprir as exigências. O edital de convocação para inscrição das chapas foi publicado no Diário Oficial no dia 4 de outubro, uma quarta-feira, e estabeleceu prazo de cinco dias para a apresentação de candidaturas. Foram contabilizados dois dias do fim de semana seguinte, o que, segundo ele, tornou o período exíguo para resolver pendências burocráticas.

Junqueira acusa seu adversário na disputa, Tirso Meirelles, de instrumentalizar o poder que detém na vice-presidência da entidade para inviabilizar uma chapa de oposição. Tirso é filho do presidente da organização, Fábio Meirelles, um produtor rural de 96 anos, dos quais metade passou no cargo.

“Eles (Fábio e Tirso) puderam ver todos os documentos da nossa chapa para ver o que faltava e o que estava certo, mas não nós temos nenhum deles. Não sei se eles entregaram todos os documentos que foram exigidos de nós. Quando eu oficiei a Faesp pedindo essas informações, alegaram que não podiam fornecer por causa da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). É uma capitania hereditária, um feudo familiar. “, protesta Junqueira.

A diretora jurídica da Faesp, Angela Gandra Martins, rebate a versão e garante que a comissão eleitoral tem independência. Segundo ela, Junqueira não foi capaz de cumprir os ritos exigidos no estatuto da organização e agora tenta desmoralizar os Meirelles.

“Não houve nenhuma barreira para o Paulo. Ele denegriu. A democracia não é atacar pessoas, é apresentar propostas. Agora, sabendo que tem uma eleição, é preciso seguir as regras. Existe uma visão de que a Faesp é uma dinastia. O Dr. Fábio foi eleito pelos sindicatos.”

Tirso Meirelles, vice-presidente da Faesp, e filho do atual presidente, é adversário de Paulo Junqueira na disputa. Foto Divulgação

Os adversários da família dizem que representantes inscritos na chapa de Junqueira não conseguiram emitir documentos que comprovassem sua filiação sindical porque os presidentes de seus sindicatos apoiam Tirso.

“Desde o começo do ano, a eleição está aberta. O Dr. Fabio avisou que não sairia. Dissemos ao Paulo que ele poderia formar uma chapa. Os sindicatos há anos estão com o Dr. Fabio e veem uma continuidade”, justificou Angela.

Junqueira fez um pedido de tutela antecipada com o objetivo de obter liminar que o mantivesse na disputa. A juíza Marcia Sayori Ishirugi, da 23ª Vara do Trabalho de São Paulo, não atendeu ao apelo e realizou uma audiência com as partes nesta quarta-feira, 22, em que tentou, sem sucesso, costurar um acordo. O caso agora aguarda julgamento.

Entidade congrega mais de 200 sindicatos espalhados pelo Estado

O imbróglio não se dá ao acaso. A Faesp mantém sob seu guarda-chuva 235 sindicatos rurais patronais distribuídos pelos 645 municípios paulistas. Também é acionista da Agrishow, principal feira do setor no País e que gerou R$ 13,29 bilhões em negócios na última edição, realizada em maio deste ano.

A organização ostenta um orçamento anual de aproximadamente R$ 60 milhões, acumulados mediante parcelas de contribuições sindicais, parcerias com governos e empresas e repasses do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), do sistema S, para oferecer cursos para produtores do campo.

O naufrágio de sua chapa na disputa pela Faesp frustrou aliados do governador Tarcísio de Freitas. O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) destacou o advogado Ygor Lucas Gomes da Costa, lotado como assessor em seu gabinete, para acompanhar o processo. Produtor rural, o parlamentar representa o agronegócio na Assembleia Legislativa e também recebeu contribuição financeira de Junqueira em sua campanha. Parte do secretariado de Tarcísio também não esconde a preferência por Junqueira.

“A preferência não é em relação a mim. É uma oxigenação. Não pode uma pessoa com 100 anos dirigir uma instituição tão importante. É igual ao PSDB, que ficou aqui 30 anos no poder e agora teve uma troca. A partir do momento que a chapa for montada, eu posso buscar apoio do governador, do ministro da Agricultura”, afirma Paulo Junqueira.

Embate com o governo começou ainda na época do Sebrae

A preferência de aliados de Tarcísio por Paulo Junqueira se explica também por outro embate. O grupo do governador já havia entrado em rota de colisão com Tirso Meirelles ainda no período da transição de governo, quando este ocupava a presidência do Sebrae-SP. Na época, Guilherme Afif Domingos, atual secretário especial de Projetos Estratégicos de São Paulo, tentou emplacar o ex-deputado federal Guilherme Campos (PSD-SP) na superintendência do órgão.

Tirso e um grupo de tucanos fizeram pressão para manter Marco Vinholi no cargo. Diante do impasse, uma solução intermediária foi adotada. Nelson Hervey Costa assumiu a superintendência e Vinholi passou para o posto de diretor técnico.

Com isso, Campos ficou sem espaço no governo do Estado e, meses depois, foi nomeado para a superintendência regional do Ministério da Agricultura em São Paulo. Seu partido, o PSD, é base do governo Lula e comanda a pasta, com Carlos Favaro.

Paulo Junqueira é presidente do Sindicato Rural e da Associação Rural de Ribeirão Preto e foi um dos doadores das campanhas de Tarcísio e também do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022. Ele doou R$ 160 mil para um e R$ 106 mil para o outro. Sua casa de quatro suítes em Orlando, na Flórida, abrigou o ex-presidente durante parte do período em que passou nos Estados Unidos após perder a reeleição para Lula. Ele também ofereceu um almoço a Bolsonaro e aliados em sua fazenda durante a Agrishow, realizada em Ribeirão Preto, onde foi carregado a tiracolo pelo ex-presidente (Estadão, 25/11/23)