11/03/2025

Estoques de suco de laranja caem ao menor nível já registrado no país

Estoques de suco de laranja caem ao menor nível já registrado no país

COLHEITA DE LARANJAS Foto Citrus - Divulgação

 

Por Marcelo Toledo

 

Em um ano, houve recuo de 24,2% no volume, após sequência de safras prejudicadas por clima e doença nos pomares.

 

Os estoques de suco de laranja brasileiro atingiram em dezembro o menor volume já registrado pela CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos). O anúncio, nesta segunda-feira (10), ocorre num momento em que a fruta acumula forte alta nos preços.

 

O levantamento feito por meio de auditorias independentes junto a cada uma das empresas associadas à CitrusBR mostrou que os estoques globais de suco do país, no último dia 31 de dezembro, eram de 351.483 toneladas.

 

A nova queda ocorre após um respiro em 2023, quando os estoques tinham alcançado 463,9 mil toneladas, ante as 434,9 mil toneladas do ano anterior. A CitrusBR reúne as gigantes exportadoras de suco do país. Após as auditorias junto às empresas, os dados foram consolidados por uma auditoria externa.

 

O estoque atual representa uma redução de 24,2% em relação ao volume existente um ano antes e é também o menor patamar da série histórica da associação. Isso pode provocar reflexos em outros países, já que o Brasil responde por cerca de 75% do comércio internacional de suco de laranja no mundo.

 

"Esse estoque reflete o que vem acontecendo nos últimos anos. São cinco anos de safras pequenas, no máximo médias, médias baixas, seguidas, e essa agora foi muito ruim, a menor em mais de 30 safras. Era [o estoque] o que a gente estava esperando", afirmou Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR e presidente da câmara setorial da citricultura no Ministério da Agricultura.

 

De acordo com ele, a expectativa é a de que o clima possa contribuir na próxima safra, cuja estimativa será divulgada pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) em maio.

 

"A gente espera que [a safra 2025/26] dê para recompor pelo menos parcialmente esse estoque, que ficou num nível crítico", disse.

 

A terceira reestimativa da safra 2024/25 no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, divulgada pelo Fundecitrus em fevereiro, apontou que a temporada deve terminar com 228,52 milhões de caixas de laranja (de 40,8 quilos cada). Embora a reestimativa seja 2,4% maior que o previsto dois meses antes (223,14 milhões), ainda é 1,7% inferior à projeção inicial, de 232,38 milhões de caixas –a pior em três décadas.

 

A safra de laranja no cinturão citrícola tem caído sucessivamente. Em 2022/23, por exemplo, foram 316,95 milhões de caixas. A redução é atribuída a problemas climáticos –altas temperaturas e distribuição irregular de chuvas, por exemplo– e ao aumento da incidência do greening nos pomares.

 

A doença, considerada a pior praga da citricultura, já atinge 44,35% dos pomares nos dois estados e apresenta crescimento pelo sétimo ano seguido.

 

Nos 12 meses encerrados em setembro, a laranja teve inflação de 62,51%, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Foi a maior alta desde junho de 1995, quando o Plano Real começava a domar a hiperinflação no país, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) (Folha, 11/3/25)