15/02/2023

EUA aceleram produção até 2032, mantendo concorrência com Brasil

EUA aceleram produção até 2032, mantendo concorrência com Brasil

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Sem crescimento de área, produtores terão novas tecnologias à disposição.

Os desafios para o agronegócio nos próximos anos serão inflação, efeitos de eventos climáticos extremos, alta dos custos de produção, conflitos geopolíticos e suas consequências sobre o mercado internacional, além de interrupção de cadeias de suprimentos.

Tudo isso já foi vivido recentemente, e o resultado foi uma aceleração dos preços das commodities para patamares recordes. Após essa alta, que colocou os valores acima da média histórica, os preços devem cair, se acomodando nos anos finais desta década.

Além desses componentes, e olhando para as prováveis condições macroeconômicas, para os acordos internacionais e para as políticas internas, técnicos do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traçaram um cenário de como o país estará posicionado nos próximos dez anos na produção e exportação de grãos e de proteínas.

Pelos números do órgão norte-americano, a concorrência com o Brasil continuará, uma vez que os dois países participam do mercado internacional com praticamente os mesmos produtos.

Os produtores norte-americanos não terão muito por onde expandir a área de cultivo, que deverá permanecer próxima dos 101 milhões de hectares, considerando as principais culturas.

Eles apostam, no entanto, em um maior rendimento no setor, tanto das lavouras como da produção de proteínas. Novas práticas de produção, tecnologia, melhor genética e novidades na oferta de produtos químicos devem ser a alavanca para esse crescimento.

Assim como no Brasil, poucos produtos dominam as lavouras norte-americanas. Soja, milho, trigo e algodão ficam com a maior parte da área cultivada. Nos próximos dez anos, soja e trigo deverão ter pouca alteração de área, enquanto milho e algodão ganharão espaço.

O milho, que vai chegar a 410 milhões de toneladas, terá ganho de rendimento de 10%, acima dos 8% da soja e dos 7% do trigo. O destaque fica para o algodão, que, com expansão de área e de produtividade, elevará a produção em 47%.

As exportações de soja e de milho na safra 2032/33 devem, em média, superar 10%, mas a de algodão poderá crescer 51%, na avaliação do Usda.

A concorrência dos Estados Unidos com o Brasil continuará também nas proteínas, que atingirão patamares recordes de produção. Com isso, o poder de exportação também evoluirá.

Para o órgão norte-americano, os Estados Unidos vão produzir 23 milhões de toneladas de frango em 2032/33, com potencial de exportação de 4 milhões de toneladas, 14% a mais.

Os avanços das exportações de carnes bovina e suína serão mais discretos, comparando-se os dados atuais com os de 2032 (Folha de S.Paulo, 15/2/23)