EUA: Plano contra "agroterrorismo" e compra de fazendas por estrangeiros
Secretária de Agricultura dos Estados Unidos, Brooke Rollins, anuncia o Plano de Segurança Agrícola. Iniciativa integra a política Make Amercica Great Again, do governo de Donald Trump — Foto USDA
Iniciativa prevê investimentos em controle de doenças como greening e gripe aviária, e reposta a “ameaças”, como ataques cibernéticos a programas sociais.
O governo dos Estados Unidos anunciou a inclusão da agricultura como elemento-chave de segurança nacional. O Departamento de Agricultura (USDA), lançou, nesta terça-feira (8/7), um plano que prevê mudanças em critérios de incentivo à pesquisa e apoio a programas de assistência, e restringe a atuação de estrangeiros na agropecuária do país.
Chamada de Plano de Ação Nacional em Segurança Agrícola, é mais uma iniciativa da política "Make America Great Again" (Fazer a América Grande Novamente), do governo Donald Trump. O presidente dos Estados Unidos vem adotando medidas que, segundo ele, priorizam os americanos. Algumas são consideradas protecionistas, como aumento de tarifas de importação de produtos pelo país.
Em comunicado oficial, o USDA justificou a medida em “eventos recentes”, em que "adversários estrangeiros” colocaram a agricultura do país “sob ameaça urgente”. “Os inimigos dos Estados Unidos estão atuando a longo prazo. Infiltrando-se em nossas pesquisas, comprando nossas terras agrícolas, roubando nossa tecnologia e lançando ataques cibernéticos contra nossos sistemas alimentares.”
A secretária de Agricultura dos Estados Unidos, Brooke Rollins: "Nunca permitiremos que adversários estrangeiros controlem nossas terras" — Foto Christophe Paul USDA
O Departamento menciona, entre eventos recentes, uma suposta tentativa de contrabandear para os Estados Unidos um fungo com potencial de causar bilhões de dólares em perdas no campo. O esquema, envolveria um laboratório americano e um “integrante” do Partido Comunista Chinês.
“Nunca permitiremos que adversários estrangeiros controlem nossas terras, nossos laboratórios ou nossos meios de subsistência", diz a chefe do USDA, Brooke Rollins, no comunicado. "Este Plano de Ação coloca os agricultores, as famílias e o futuro dos Estados Unidos em primeiro lugar”, acrescenta.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos informa que mais 265 mil acres de terras nos Estados Unidos estão sob propriedade de chineses. Departamento de Defesa vê risco para instalações militares — Foto USDA
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, destaca que o plano visa a manter a segurança de instalações
militares. “A propriedade estrangeira de terras perto de bases estratégicas e instalações militares dos EUA representa uma séria ameaça à nossa segurança nacional”, afirmou.
Além da chefe do USDA e do secretário de Defesa, o Plano de Ação Nacional em Segurança Agrícola tem a assinatura da Procuradora-Geral dos EUA, Pam Bondi, e da Secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem.
O Departamento de Agricultura informa que o governo federal pretende adotar as medidas como base para a ação conjunta com legisladores e autoridades estaduais em sete áreas consideradas críticas.
- Proteger terras agrícolas: Para o governo Trump, posse de terras agrícolas por estrangeiros representa ameaça. O plano prevê reformas no sistema de informações sobre propriedades e negócios com áreas agrícolas terras no país, e defende mudanças na legislação para bloquear novas compras por “adversários”.
- Aumentar resiliência na cadeia: Intenção é avaliar “lacunas” na cadeia de insumos para redirecionar investimentos. O USDA vai listar materiais “críticos”, como fertilizantes e agroquímicos, e avaliar riscos e vulnerabilidades para a produção. Vai também “modernizar”, junto com outros órgãos, normas de trânsito e importação de agentes e substâncias “perigosas”.
- Proteger a rede de segurança nutricional: o governo Trump avalia que “adversários estrangeiros” tentam fraudar programas de assistência no país. O plano prevê que o USDA e outras agências nacionais aumentem a fiscalização desses programas e desqualifique estabelecimentos comerciais que possam ter cumplicidade com fraudes.
- Defender a pesquisa e a inovação: o USDA informou que vai mudar processos de financiamento de pesquisas, para impedir a colaboração com “adversários estrangeiros”. Adotará medidas que aumentem a segurança biológica, e ampliará a exigência de controle americano sobre empresas que recebam apoio estatal.
- Priorizar americanos nos programas do USDA: na visão do governo Trump, o apoio do Departamento de Agricultura a "adversários estrangeiros" coloca americanos em “desvantagem”. O plano prevê a revisão, interrupção e exclusão de acordo com entidades “desalinhadas da missão do USDA”, e revisão de autorizações de segurança de funcionários.
- Proteger a segurança animal e vegetal: o plano prevê que o USDA trabalhe com outros órgãos do governo para fortalecer a resposta a ameaças à segurança animal e vegetal. A pesquisa vai se concentrar em vacinas e tratamentos contra doenças consideradas prioritárias, como greening, ferrugem, febre aftosa, gripe aviária e peste suína africana.
- Proteger a infraestrutura: a ideia, informa o USDA, é defender contra ataques cibernéticos empresas e instituições americanas ligadas à agricultura. O plano prevê uma “força de trabalho em agrodefesa”, trabalho do USDA com segmentos de inteligência e incentivo à formação de profissionais da área de segurança agrícola.
Plano de Segurança Agrícola visa a impedir compra de terras por estrangeiros no país — Foto Cecilia Lynch USDA
“Nunca permitiremos que nenhum outro país controle nosso suprimento de alimentos ou nosso povo”, diz a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, no comunicado do USDA (Globo Rural, 8/7/25)
“O Departamento de Justiça continuará trabalhando para processar aqueles que ameaçam a agricultura americana, investigar casos de potencial agroterrorismo e proteger os agricultores americanos de ameaças ilegais”, promete a Procuradora-Geral, Pam Bondi (Folha, 9/7/25)