07/10/2020

EUA querem exportar mais em 2021 e contam com o Brasil

EUA querem exportar mais em 2021 e contam com o Brasil

Legenda: Contâiners em porto de Xangai - Aly Song/Reuters

 

Americanos esperam que a soja brasileira perca atratividade e que as importações de trigo aumentem.

A guerra fria entre Estados Unidos e China sobe de tom. As relações comerciais, no entanto, continuam, com os chineses aumentando cada vez mais as importações de alimentos dos americanos.

Nesta terça-feira (6), o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) refez as estimativas do setor agropecuário para o ano fiscal de 2020, iniciado em outubro de 2019.

Com dados até agosto último já apurados, os americanos não vão conseguir o patamar esperado no comércio exterior como imaginavam.

As exportações deverão ficar em US$ 135 bilhões, abaixo das expectativas feitas em maio, e o saldo do agronegócio será de apenas US$ 3,3 bilhões, bem abaixo dos US$ 6,3 bilhões esperados na previsão de maio último.

Para o ano fiscal de 2021, que já começou em outubro, os americanos esperam uma boa melhora nas exportações, previstas em US$ 140,5 bilhões.

Mesmo que atingido, esse volume de receitas ficará abaixo dos US$ 143 bilhões gerados em 2018, antes das aventuras de Donald Trump neste setor no comércio mundial.

Para atingir a meta neste ano fiscal, os Estados Unidos esperam o auxílio do Brasil. Contam com um aumento das receitas com soja de US$ 4,2 bilhões, com o valor total subindo para US$ 20,4 bilhões. Para que isso ocorra, apostam na firme demanda chinesa e na perda de competitividade dos exportadores brasileiros.

A demanda chinesa deverá continuar, mas a perda de competitividade brasileira não está tão clara, uma vez que o país já vendeu 50% da produção que ainda nem semeou.

Os americanos contam ainda com as importações brasileiras, principalmente as de trigo, de arroz e de etanol. As estimativas de receitas do Usda com as exportações totais de trigo são de US$ 6 bilhões, e as com arroz, US$ 2 bilhões.

Os americanos estão próximos de divulgar os números finais do ano fiscal de 2020. Os dados de outubro de 2019 a agosto de 2020 indicam que o país adotou políticas externas agressivas com os parceiros comerciais e completamente equivocadas.

O resultado foi que os americanos perderam espaço em praticamente todas as regiões do mundo: América do Norte, União Europeia, América do Sul, Oriente Médio, Oceania, América Central e África subsaariana.

O equilíbrio fiscal de 2020, em relação ao de 2019, virá das negociações com a China. O acordo da Fase 1, no início do ano, e a forte demanda do país asiático para repor estoques elevaram as importações por parte da China e de Hong Kong no mercado dos Estados Unidos para US$ 16,3 bilhões até agosto.

Os Estados Unidos também conseguiram melhorar a posição no norte da África, uma região que rendeu US$ 2,5 bilhões nas vendas externas (Folha de S.Paulo, 7/10/20)

Questão Agrária