EUA:Oferta de carne suína caiu antes do fechamento de unidades de produção
Foto: Thiago Gomes/Susipe
As ofertas de carne de porco congelada nos Estados Unidos recuaram em março, antes mesmo de a pandemia do coronavírus forçar o fechamento de abatedouros no país, disse nesta quarta-feira o Departamento de Agricultura local (USDA, na sigla em inglês), preparando terreno para que os estoques fiquem ainda mais apertados.
Processadores fecharam grandes plantas de suínos e bovinos diante da disseminação do coronavírus entre funcionários, reduzindo a produção de carne nos EUA e causando um recuo no setor pecuário local.
O mais recente “shutdown” foi anunciado no início desta quarta-feira, quando a Tyson Foods afirmou que vai fechar uma unidade que representa cerca de 5% da produção de carne suína dos EUA.
A Smithfield Foods, maior processadora de carne de porco do mundo, alertou que os EUA estão caminhando “perigosamente para perto do limite” em relação à oferta de carnes a mercados.
Em 31 de março, os frigoríficos norte-americanos armazenavam 621,9 milhões de libras-peso de carne suína, queda de 27 milhões de libras-peso em relação a fevereiro, apontou o USDA.
O volume excede o declínio normal para o mês segundo a média histórica de cinco anos, de 11 milhões de libras-peso, disse Rich Nelson, estrategista-chefe da corretora Allendale. Ele projetou que os estoques podem cair ainda mais, de 20 milhões a 40 milhões de libras-peso, em abril, quando costumam registrar crescimento de cerca de 27 milhões de libras-peso.
“Os problemas com as plantas começaram a surgir na primeira semana de abril”, afirmou Nelson.
O USDA apontou ainda que o estoque de carne bovina congelada nos EUA era de 502,4 milhões de libras-peso em 31 de março, alta de cerca de 8 milhões de libras-peso ante fevereiro.
O nível normalmente cairia cerca de 18 milhões de libras-peso no período, mas o abate foi maior que o esperado este ano, disse Nelson, que prevê um declínio de cerca de 40 milhões a 60 milhões de libras-peso em abril (Reuters, 22/4/20)
Tyson Foods fecha maior planta de processamento por tempo indeterminado
A Tyson Foods vai suspender por tempo indefinido as operações na sua maior planta de processamento de suínos, em Waterloo, no Estado norte-americano de Iowa, por causa da pandemia de coronavírus, informou a empresa nesta quarta-feira. A fábrica já operava com níveis reduzidos de produção, disse a companhia. Ao mesmo tempo, a empresa vai retomar as operações em uma fábrica de suínos em Columbus Junction, no mesmo Estado, após duas semanas de inatividade em virtude da doença.
No primeiro caso, em Waterloo, a Tyson afirmou que as operações foram prejudicadas pela ausência de grande parte dos trabalhadores, afastados por causa do coronavírus. O próximo passo será realizar testes nos 2.800 funcionários da fábrica, que continuarão recebendo seus salários enquanto a planta estiver fechada. "O fechamento tem ramificações significativas além da nossa empresa, já que a fábrica faz parte de uma cadeia de suprimentos maior, que inclui centenas de agricultores, caminhoneiros, distribuidores e clientes independentes, incluindo mercearias", disse o CEO Steve Stouffer em comunicado. "Isso significa a perda de uma saída vital do mercado para os agricultores e contribui ainda mais para a interrupção do fornecimento de carne suína do país", reforçou.
Já em Columbus Junction, onde a fábrica produz suínos frescos e embalados para clientes de serviços alimentícios e varejo em todo o mundo, as atividades serão retomadas nesta semana. "Planejamos aumentar a produção em Columbus Junction gradualmente, com a segurança dos membros de nossa equipe em mente", afirmou o presidente da Tyson Foods, Dean Banks. A empresa está colocando mais de 150 scanners de temperatura por infravermelho em suas instalações, além de divisores de estação de trabalho para promover o distanciamento social.
As outras fábricas de carne e aves da Tyson Foods continuam em operação, com algumas trabalhando em níveis reduzidos de produção, por causa da implementação de precauções adicionais de segurança. A empresa suspendeu a produção por um dia em alguns locais para limpeza profunda e higienização adicionais (Dow Jones Newswires, 22/4/20)