27/10/2022

Europa fica mais dependente do Brasil neste ano

Legenda: Bandeiras da União Europeia em frente à sede da Comissão Europeia, em Bruxelas - Yves Herman - 17.jun.2022/Reuters

Bandeiras da União Europeia foto Yves Herman - 17.jun.2022 Reuters

Importações de alimentos e de produtos agrícolas, em valores, aumentam 47% até julho, segundo a UE.

A conjunção de Covid, seca, doenças no setor de animais e conflito entre Ucrânia e Rússia deixou a União Europeia mais dependente do Brasil.

É o que mostram informações desta quarta-feira (26) do Departamento de Agricultura e de Desenvolvimento Rural do bloco.

Preços em alta e volumes maiores de importações mantiveram o Brasil na ponta da lista de fornecedores de alimentos e produtos agrícolas para os europeus. Isso mostra que esse não é um mercado dispensável, como pensam alguns em embates com os europeus.

Dos 96,2 bilhões de euros (R$ 521 bilhões) gastos pelos países do bloco de janeiro a julho deste ano, 11,3 bilhões de euros (R$ 61,5 bilhões) foram para pagar produtos saídos do Brasil.

As receitas das exportações brasileiras renderam, neste ano, 47% a mais do que em igual período do ano passado. Com essa evolução, atingiram 12% de todos os gastos dos europeus neste setor. Em 2021, eram 10%.

O Brasil esteve na hora certa e com bom volume de produtos para atender às exigências desse mercado em um período de preços mundiais em patamares recordes.

No país, o valor elevado do dólar engrossou as receitas de produtores e de exportadores.

As maiores demandas dos europeus vieram de produtos que o Brasil tinha para oferecer. Dados da UE indicam que as compras de milho do país subiram 492% em junho, em valores, em relação às de 2021.

Soja, farelo e óleo de soja, produtos fornecidos pelo Brasil, também tiveram forte valorização no ano, em boa parte devido às dificuldades da Ucrânia em fornecer cereais e óleos vegetais ao mercado.

O café, um dos importantes itens na balança de importação da Europa, após a quebra de safra no Brasil, atingiu valores recordes, onerando o bolso dos europeus e aumentando as receitas brasileiras.

Assim como ocorreu com vários dos grandes produtores de alimentos, inclusive com o Brasil, a seca reduziu a produção de alimentos neste ano na Europa.

A safra de cereais recua para 271 milhões de toneladas, 8% a menos do que a anterior. A maior queda ocorreu no milho, cuja produção caiu 24% (Folha de S.Paulo, 27/10/22)