Europeus também poderão barrar pescados brasileiros
Além dos embargos a 20 plantas em sua maioria de carne de frango, a União Europeia recomendou na sexta-feira que a mesma sanção se estenda a todas as indústrias processadoras de pescado do Brasil em decorrência de problemas sanitários.
Segundo documento assinado pela porta-voz Anca Paduraru, da divisão de Saude, Segurança dos Alimentos e Energia da UE, uma recente auditoria feita no Brasil por técnicos europeus em produtos de pesca revelou "sérias deficiências no controle da produção primária e na infraestrutura e higiene dos estabelecimentos".
A porta-voz lembra que, em resposta às recomendações do bloco, o Ministério da Agricultura do Brasil suspendeu a certificação de plantas de pescado para exportarem à UE, desde o último dia 3 de janeiro. No entanto, advertiu que os paises-membros já denunciaram à Comissão Europeia que, mesmo depois da suspensão, as remessas de pescado brasileiro continuaram sendo exportadas para o bloco europeu. Por outro lado, esses carregamentos vêm sendo barrados nas fronteiras europeias.
"Considerando que os produtos da pesca podem constituir um risco para a saúde pública, é, pois, adequado retirar todos os estabelecimentos da lista de estabelecimentos a partir dos quais os produtos da pesca destinados ao consumo humano podem ser importados para a União Europeia", adverte o documento. "Isso confere aos Estados-Membros a segurança jurídica para recusarem quaisquer remessas apresentadas para importação", segue o comunicado.
Por fim, o bloco tenta minimizar os possíveis impactos de um embargo também ao pescado brasileiro, ao dizer que o Brasil "é um pequeno exportador de produtos pesqueiros para a UE". Segundo o comunicado, em 2017, o Brasil exportou 6,5 mil toneladas de produtos de pesca aos europeus, o que representa "menos de 0,2% das importações da UE de produtos da pesca".
"Não há razão sanitária alguma para a UE barrar nossas plantas de pescado, como está fazendo com o frango. Nosso setor nunca esteve sub judice e nem descumpriu regras do mercado internacional", afirmou ao Valor Eduardo Lobo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca).
De acordo com a Abipesca, os embarques brasileiros de pescado para os países-membros da União Europeia representam cerca de 30% das exportações brasileiras do setor e pode agravar ainda mais a situação das indústrias, algumas das quais já tiveram que demitir funcionários diante da paralisação dessas vendas para o bloco europeu (Assessoria de Comunicação, 23/4/18)