Exportações brasileiras de açúcar estão devagar, quase parando
Por Julio Maria M. Borges
Isto é boa notícia. Significa que deixamos de ser reféns do mercado internacional de açúcar. O Brasil e o produtor de cana, açúcar e etanol estão de parabéns. Vamos aos detalhes.
No período de oito meses da safra atual, que vai de Abril18 a Jan19, o Brasil exportou 17,7 mi t de açúcar . No mesmo período da safra passada nossa exportação alcançou 24,6 mi t.
A atual safra 2018/19 brasileira de cana, açúcar e etanol foi deliberadamente alcooleira. Batemos um recorde nacional na produção e consumo de etanol. A produção brasileira deste produto deve atingir 33,3 bi litros, incluindo 0,8 bi litros de etanol de milho. A demanda total recorde deve ser ao redor de 36,5 bi litros. A diferença entre produção menor e demanda maior será atendida igualmente por redução de estoques e importação.
Para fins de comparação: na safra passada 2017/18 a produção total de etanol foi de 28,4 bi litros.
O consumidor sente bem esta diferença de maior disponibilidade de etanol quando vai abastecer seu carro em um posto de combustíveis. Praticamente durante todo o período de safra aquele abasteceu seu carro com etanol, dado que seu preço na bomba tem sido atrativo. E isto não é comum.
E porque fizemos tanto etanol e tão pouco açúcar. Por duas razões igualmente importantes.
Em primeiro lugar por razões econômicas. O preço do açúcar no mercado externo alcançou níveis relativamente baixos e bem inferiores aos custos de produção e logística. Por outro lado, o petróleo e gasolina alcançaram preços relativamente altos. Ou seja, sob a ótica econômica passou a ser vantajoso para a usina de cana produzir o máximo de açúcar e o mínimo de etanol.
Em segundo lugar. A usina de cana-de-açúcar no Brasil, e só no Brasil, tem a flexibilidade de mudar, de forma relevante, o seu mix de produção, ora fazendo mais açúcar e menos etanol e vice-versa. E isto se deve aos incentivos dados pelo governo à produção de etanol e à competência empresarial de boa parte dos empresários do setor.
Em resumo, deixamos de ser reféns do mercado internacional de açúcar, abrimos mão (felizmente) da posição de maior produtor mundial de açúcar a favor da Índia e criamos uma flexibilidade na produção que permite maximizar receitas com o mesmo custo de produção. Este é um benefício indireto do etanol combustível que o mundo açucareiro ainda vai perceber.
No dia 05 de Abril próximo vamos realizar no Hotel Intercontinental em São Paulo-Capital nosso 18º Seminário sobre Estratégias Empresariais para Açúcar e Etanol. E lá vamos discutir assuntos deste tipo (Julio Maria M. Borges é sócio-diretor da JOB Economia e Planejamento; Canal Rural, 13/2/19)