Exportações de frango caem por embargos e alto custo de produção
As exportações de carne de frango do Brasil caíram 5,6 por cento em volume nos primeiros três meses do ano, devido a proibições comerciais e custos de produção mais altos, informou nesta terça-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A exportações de frango in natura totalizaram 1,017 milhão de toneladas no período, ante 1,078 milhão de toneladas nos mesmos meses do ano passado. Em termos financeiros, as exportações caíram 12 por cento, para 1,605 bilhão de dólares, disse a ABPA.
A ABPA disse que as vendas de carnes salgadas, a maior categoria de exportações para a Europa, registrou perdas perto de 50 por cento em volume em março.
“O ano era promissor para o setor, mas a soma entre custos de produção em elevação e as suspensões de plantas pelo próprio Brasil para a União Europeia impactou negativamente o saldo do trimestre”, afirmou o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, em nota.
No mês passado, o governo brasileiro suspendeu as exportações para a UE da BRF, a maior processadora de frango do país, depois que alegações contra a companhia surgiram em uma investigação contínua sobre segurança alimentar. Outras empresas também foram proibidas de exportar por não cumprirem certas regras da UE, de acordo com o Ministério da Agricultura.
A discussão com a União Europeia sobre as exportações de frango “se refere a critérios de classificação de produtos, não de riscos ao consumidor”, disse a ABPA. O impasse coloca “empregos em risco, em um momento fundamental para a retomada econômica do país”, disse Turra.
BRF e a empresa privada Cooperativa Central Aurora de Alimentos anunciaram férias coletivas a funcionários para ajustar a produção à capacidade.
Um aumento nos custos de ração e a proibição comercial da Rússia sobre a carne suína do Brasil por preocupações com aditivos na ração também estão pressionando a indústria.
O Ministério da Agricultura não comentou imediatamente sobre a situação das conversas com as autoridades europeias, que estão visitando o Brasil nesta terça-feira, sobre a segurança alimentar e a possibilidade de remover as barreiras da exportação.
A ABPA disse que as exportações de carne suína in natura também caíram quase 16 por cento em relação ao ano passado, para 129.300 toneladas nos primeiros três meses de 2018, conforme as empresas ainda se recuperam da proibição russa implementada a partir de 1 de dezembro.
De outro lado, há um aumento estável nas compras de carne suína brasileira pela China, que se torna o principal mercado do Brasil, uma tendência que deve continuar depois que Pequim impôs taxa sobre as exportações de suínos dos Estados Unidos (Reuters, 3/4/18)