Exportações de soja rendem US$ 169 bilhões em três anos
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Por Mauro Zafalon
Para 2023, indústrias preveem receitas de US$ 66,4 bilhões.
As exportações de soja e derivados vêm disparando ano a ano e devem chegar a US$ 66,4 bilhões em 2023. Se confirmado, o valor supera em 89% o de 2020. De 2021 a 2023, as exportações de soja e derivados podem somar US$ 169,4 bilhões.
Produção nacional recorde, demanda chinesa, quebra de safra em países concorrentes, preços ainda em patamares elevados e o aumento da mistura de biodiesel ao diesel cooperam para esse recorde que o setor deverá atingir.
Os dados, divulgados nesta quarta-feira (22), são da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), que prevê números mais robustos para esse ano do que no anterior.
Esse cenário de boas exportações garante renda para os produtores. O Valor Bruto da Produção com a soja será de R$ 387 bilhões neste ano dentro da porteira, segundo o Ministério da Agricultura.
Em fevereiro, os brasileiros exportaram a tonelada de soja, incluindo os prêmios, por US$ 565 via porto de Paranaguá (PR). É um valor inferior ao do ano passado, mas ainda em patamar elevado.
A produção, que teve quebra em 2022 devido a secas, sobe para o recorde de 153,6 milhões de toneladas neste ano. Com isso, aumenta o potencial de processamento interno e de exportação de soja e de seus derivados.
O aumento da mistura de biodiesel ao diesel de 10% para 12% ajuda a elevar o consumo interno de óleo, que vai para 9 bilhões de litros, 25% a mais do que em 2022, segundo a Abiove.
Processamento maior permite também um aumento das exportações de farelo de soja para 20,7 milhões de toneladas. A Argentina líder mundial em vendas externas desse tipo de farelo terá uma disponibilidade menor neste ano. Os argentinos, que esperavam 50 milhões de toneladas de soja, vão produzir apenas 25 milhões.
Na avaliação da associação das indústrias, o país vai processar 52,5 milhões de toneladas da oleaginosa, 3% acima do volume do ano passado.
O volume a ser exportado pelo Brasil ainda depende de vários fatores externos, como o tamanho do apetite chinês e o desempenho da safra norte-americana. Daí a diversidade das previsões.
A AgRural acredita em um volume próximo de 92 milhões de toneladas, um patamar em linha com as previsões da Abiove e da Conab. Já a Agroconsult estima uma saída de 96 milhões de toneladas da oleaginosa pelos portos brasileiros (Folha de S.Paulo, 23/3/23)