23/04/2025

Exportadores deixaram de embarcar mais de 600 mil sacas de café em março

Exportadores deixaram de embarcar mais de 600 mil sacas de café em março

No Porto de Santos, que lidera os embarques de café do país, a proporção de atrasos de navios foi de 63%. Foto: Gustavo Facanalli/Embrapa

 

Despesas adicionais e imprevistas somaram R$ 8,901 milhões para as empresas.

 

Exportadores de café deixaram de embarcar 637,767 mil sacas de 60 quilos - o equivalente a 1,797 mil contêineres - em março, por causa de gargalos logísticos nos portos. Despesas adicionais e imprevistas somaram R$ 8,901 milhões para as empresas. A informação é do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), com base em levantamento da ElloX.

 

O boletim Detention Zero (DTZ), que reúne esses dados, informa que, de 325 navios, 179 tiveram atrasou ou alterações de escala nos principais terminais portuários do Brasil. A proporção é de 55%. No Porto de Santos, que lidera os embarques de café do país, a proporção de atrasos foi de 63, com 113 navios. No do Rio de Janeiro, foi de 59% (43 navios); em Salvador, de 33% (19); e, em Vitória, de 27% (4 navios).

 

A coleta dos dados começou em junho de 2024. Desde estão, os associados ao Cecafé informaram custos extras de R$ 66,57 milhões com a falta de estrutura portuária. Nas contas da entidade, o volume de café que não foi para os navios impediu uma entrada de US$ 262,8 milhões ou R$ 1,510 bilhão em receita com as vendas externas.

 

“O Brasil é o país que mais repassa o preço FOB da exportação ao produtor e, ao deixarmos de embarcar nossos cafés devido à não concretização dos embarques, temos o repasse menor a nossos cafeicultores”, diz o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, em nota divulgada pela entidade.

 

Ele avalia que a infraestrutura não acompanhou a evolução do agronegócio brasileiro. No café, diz ele, o cenário tende a se agravar, pois serão necessários vários anos para se chegar às condições adequadas de logística. Ele reconhece que autoridades têm anunciado investimentos importantes, mas a execução precisa ser mais rápida.

 

“Estamos na entressafra, com oferta menor, e, ainda assim, mais de 600 mil sacas de café estão paradas nos pátios, onerando nossos exportadores, por não terem condições de embarque devido à falta de condições modernas e contemporâneas nos portos", ressalta o diretor do Cecafé (Globo Rural, 22/4/25)