17/09/2020

Estratégias de transição para a energia limpa–Editorial O Estado de S.Paulo

Estratégias de transição para a energia limpa–Editorial O Estado de S.Paulo

Extraindo energia dos rios, do vento, do sol e da agricultura, o País já tem a segunda matriz energética mais limpa do mundo.  

Zerar as emissões de gases de efeito estufa exigirá uma transformação radical no processamento e uso da energia. Segundo a Agência Internacional de Energia, as ferramentas políticas para combinar impulso à economia e apoio à energia limpa devem focar em cinco áreas: enfrentar as emissões dos ativos existentes; fortalecer os mercados para tecnologias em estágio inicial; desenvolver infraestrutura para o emprego de tecnologias; impulsionar a pesquisa; e ampliar a colaboração internacional.

O potencial para o Brasil é imenso. Extraindo energia dos rios, do vento, do sol e da agricultura, o País já conta com a segunda matriz energética mais limpa do mundo. Mas há espaço para melhorar: as fontes fósseis ainda respondem por 55% do consumo interno.

Entre as petrolíferas, as estratégias se dividem entre investimentos para a produção de fontes renováveis e tecnologias que minimizem o impacto ambiental do petróleo. A Petrobrás tem investido na segunda opção. Segundo a presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Clarissa Lins, o Brasil tem vocação para atrair projetos de compensação de emissões, como o reflorestamento de áreas degradadas.

A parceria entre grandes empresas e cleantechs é chave na transição. A gigante do setor elétrico EDP, por exemplo, tem programas de geração de negócios com startups focados em armazenamento (baterias) e mobilidade elétrica. A gestão inteligente de energia elétrica para otimizar o consumo na cadeia industrial é outra área promissora.

O País tem ainda vocação para a produção de hidrogênio verde. O hidrogênio já é utilizado há um século a partir de combustível fóssil. Mas, segundo o pesquisador da UFRJ Paulo Emílio de Miranda, opções renováveis para a produção como a gaseificação ou biodigestão de biomassas são campos de grande potencial.

O hidrogênio verde é particularmente eficiente para descarbonizar o setor de transporte. É a área em que ele deve ser prioritariamente introduzido no País. Mas, dada a perspectiva de proliferação mundial das taxas sobre o carbono, o Brasil pode se tornar, no longo prazo, um exportador.

Num momento em que o País é pressionado pelo aumento no desmatamento, o investimento em energia verde pode ajudar a limpar sua reputação internacional, gerar empregos e beneficiar o meio ambiente (O Estado de S.Paulo, 17/9/20)