10/06/2019

Fabricantes fazem turbinas maiores para o Brasil

Fabricantes fazem turbinas maiores para o Brasil

Legenda: Turbinas maiores não são, necessariamente, melhores em todos os mercados

 

Evolução da tecnologia e características dos ventos brasileiros permitem uso de equipamentos que dobram capacidade de geração.

Fabricantes de turbinas eólicas iniciaram uma guerra de gigantes no mercado brasileiro, buscando vender no País equipamentos maiores, entre 4 e 5,8 megawatts (MW) e até 170 metros de diâmetro.

Com isso, as torres eólicas terão alturas superiores a 200 metros, até a ponta da pá, a depender do projeto. Até então, o patamar era de 2 MW a 3 MW, com altura de até 130 metros. GE, Nordex, Siemens Gamesa, Vestas e WEG estão entre as empresas que vêm tentando vender os equipamentos de maior porte.

“O pulo de 2 MW para 5 MW, ou de 3 MW para 6 MW veio por conta da necessidade de mercado e do desenvolvimento tecnológico, inclusive de materiais, de todos os componentes da turbina”, diz Rosana Santos, diretora de produto e marketing da GE Wind Onshore. 

Segundo ela, turbinas maiores não são, necessariamente, melhores em todos os mercados. “Nos EUA, os clientes preferem turbinas entre 2 e 3 MW”, diz. “No Brasil, as grandes turbinas se mostram adequadas, como em outros lugares, como Austrália e Europa.”

A GE está em negociações avançadas para a venda desses novos produtos a projetos eólicos já viabilizados, isto é, com venda de energia já acertada.

“Nos preparamos para atender ao mercado, mas temos de adequar a fábrica”, diz Rosana. As primeiras turbinas devem ser entregues nos próximos anos.” 

A GE não foi a única a perceber a demanda do mercado. “O apetite por produto de turbina de potência maior existe e queremos estar nesse jogo”, diz Felipe Ramalho, diretor da alemã Nordex para o Brasil. “Falamos basicamente de produzir mais energia com menos turbinas, o que é interessante para o investidor.”

Para Ramalho, grosso modo, os projetos poderiam obter economia de 10% a 20%, a depender do projeto, não obstante o maior custo do equipamento.

Isso porque o número de turbinas a ser instalado é menor, com consequentemente menos necessidade de infraestrutura de apoio.

Infraestrutura

Ao mesmo tempo em que continuará oferecendo as turbinas menores, o objetivo da Nordex é conseguir colocar as maiores nos próximos leilões do governo e também nos projetos em discussão no mercado livre.

Para isso, a empresa corre para conseguir a homologação do novo equipamento junto ao BNDES, de maneira que os empreendedores possam utilizar as linhas de crédito do banco com os índices de nacionalização.

A liderança no movimento de ampliação do tamanho das turbinas foi da dinamarquesa Vestas, que anunciou a fabricação no País de equipamento de 4,2 MW. De lá para cá, a empresa fechou mais de 1.000 MW em pedidos, que começam a ser entregues neste ano. “O vento brasileiro é muito favorável para isso (grandes turbinas)”, diz Rogério Zampronha, presidente da empresa no Brasil. 

Dentre as empresas que lançaram recentemente nova geração de turbinas no Brasil, está a Siemens Gamesa, com um equipamento com capacidade até 32% maior em relação ao portfólio atual. O lançamento foi feito cerca de um mês depois do anúncio global, e os protótipos ainda não estão em operação. A produção deve ser iniciada até o primeiro trimestre de 2021. 

“O Brasil é um mercado muito importante para a Siemens Gamesa, já que a energia eólica no Brasil é a fonte energética mais competitiva, com geração que dobra os números de outros países, graças à qualidade e intensidade do vento na região”, diz Roberto Prida, diretor-geral de Onshore da Siemens Gamesa no Brasil (O Estado de S.Paulo, 8/6/19)