FAESP: Denúncias de fraudes processuais tumultuam e judicializam eleições
Como já se esperava, a fatídica tentativa do presidente da Faesp – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, comendador Fábio Meirelles, de manter o seu legado de continuísmo depois de meio século no comando da instituição e indicar seu filho Tirso para disputar sua sucessão, vai ser decididia na esfera judicial.
Opositores denunciam o oportunismo do chefe da família Meirelles e apresentaram à Justiça denúncias de fraude e irregularidades no processo eleitoral que, a princípio, definia as eleições para o próximo dia 4 de dezembro.
A oposição, que busca por fim ao ciclo do clã Meirelles que marca o mais longevo perído de comando de uma instituição sindical patronal da história brasileira, é formada por um grupo que já reúne dezenas de presidentes e produtores de sindicatos rurais paulistas. O líder do movimento é o advogado e produtor rural Paulo Junqueira, presidente do Sindicato e da Associação Rural de Ribeirão Preto.
Nesta próxima quarta-feira (22), está marcada audiência de instrução e julgamento da ação proposta pela oposição na 23ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho 2ª Região. Os autores da ação questionam as razões que levaram ao indeferimento da chapa da oposição, negativa dos dirigentes da Faesp em fornecerem documentos da chapa da situação e as razões pela falta de transparência no processo eleitoral.
A oposição também exige informações sobre a ação que corre em estranho “segredo de Justiça” no processo de aquisição de 10% do controle acionário da Agrishow, de ação de Improbidade Administrativa movida pelo Ministério Público, do processo de aquisição de 500 mil testes de Covid adquiridos pela Faesp/Senar, dos quais nenhum foi distribuído ao Sindicato Rural de Ribeirão Preto.
“Dirigentes sindicais e produtores rurais paulistas terão que optar entre uma ruptura profunda e um continuísmo envergonhado de uma casta familiar, que há meio século se instalou no comando da mais importante federação do Brasil", afirma Paulo Junqueira.
“Infelizmente o obscurantismo tomou da Faesp e nós produtores rurais lamentamos que este seja o legado que Fábio Meirlles deixará para a história do agro paulista”, afirma Paulo Junqueira. Lembrando que, segundo a definição da Wikipedia, obscurantismo é a prática de deliberadamente impedir que os fatos ou os detalhes de algum assunto se tornem conhecidos.
Ele também confirma que a cada dia crescem as novas adesões de dirigentes de sindicatos rurais à chapa de oposição conscientes de que as reiteradas denúncias veiculadas pelos maiores órgãos de comunicação (Veja, Folha de S.Paulo, G1, Revista Oeste, dentre outros) sinalizam uma “rejeição geral” e ao fim do “continuísmo” do clã Meirelles no comando da Faesp.
Desconectados
Dentre as críticas ao estilo Luiz XIV, que se defendia ao declarar que “o Estado sou eu”, Fábio Meirelles deixa uma marca indelével neste meio século a frente da instituição quando se autoproclama e afirma, com veemência, que “a Faesp sou eu!”
Outra marca do comendador é a desconexão que suas sucessivas e controvertidas gestões jamais aproximaram a entidade com temas que hoje pautam o agro brasileiro e mundial como a transição energética e a economia verde, bem como com a inserção do setor e a utilização das novas tecnologias que estão colocando o Brasil como protagonista global de sustentabilidade e maior produtor e exportador mundial de alimentos, fibras e energia limpa e renovável (Da Redação, 21/11/23)