Falta de chuva na Nova Zelândia eleva preço de lácteos
A falta de chuvas na Nova Zelândia nos últimos meses, refletindo condições climáticas compatíveis com o fenômeno La Niña, afeta a produção de leite no país da Oceania, o que tem influenciado os preços internacionais dos lácteos desde o começo do ano.
As cotações desses produtos na plataforma Global Dairy Trade (GDT), que realiza leilões quinzenais com oferta principalmente da Nova Zelândia, sobem desde o início de 2018. Só no último leilão, no dia 6 de fevereiro, o leite em pó integral – o produto mais negociado nesses pregões – subiu 7,6%. No acumulado do ano, o produto teve alta de mais de 17%, considerando que no fim de 2017 estava em US$ 2.755 por tonelada e alcançou US$ 3.226 este mês.
Com a falta de chuvas, a produção de leite na Nova Zelândia caiu 4,6% em dezembro passado em comparação com igual mês do ano anterior, considerando os sólidos de leite (soma da proteína total e de gordura). No país, as vacas são criadas de forma extensiva, portanto o regime de chuvas é crucial para as pastagens usadas na alimentação do rebanho. No ano de 2017, a produção acumula alta de 1,4%. "O clima na Nova Zelândia está atrapalhando a produção de leite", diz Valter Galan, analista da consultoria MilkPoint.
A cooperativa Fonterra, maior produtora de lácteos da Nova Zelândia, registrou uma queda de 6% na captação de leite em dezembro de 2017 na comparação anual. Com isso, estimou um recuo de 3% na captação na safra 2017/18, que termina em 31 de maio. A Fonterra, que é a maior exportadora de lácteos do mundo, é a também principal ofertante nos leilões da plataforma GDT.
Segundo Rafael Ribeiro, analista da Scot Consultoria, a produção de leite deverá seguir em queda na Nova Zelândia até a entressafra (junho e julho). E a seca no país, avalia ele, pode agravar esse recuo na produção da matéria-prima, o que tende a se refletir na oferta de lácteos do país no mercado internacional.
Afora a produção menor na Nova Zelândia, a valorização do euro em relação a outras moedas também reduziu a competitividade dos lácteos europeus, o que contribuiu para alta nos leilões internacionais, acrescenta Galan.
Para ele, não é possível afirmar que a recente valorização seja uma tendência, uma vez que a oferta de leite cresceu em outras regiões produtoras do mundo. Na Europa, a alta foi de 1,6% entre janeiro e novembro do ano passado e nos EUA, de 1,4% em 2017. "Ainda há 40% da safra da Nova Zelândia por vir", comenta o analista. A safra 2017/18 no país vai até 31 de maio.
Do lado da demanda internacional por lácteos, a expectativa é que siga crescendo, segundo Galan. A China, maior importadora global, elevou em 12% as compras de lácteos em 2017, para 1,55 milhão de toneladas. "As previsões indicam que a economia da China vai continuar a crescer como em 2017. Se isso se confirmar, deve aquecer a demanda", afirma o analista. A alta do petróleo também é um fator que estimula a demanda por lácteos por parte de países produtores da commodity, acrescenta (Assessoria de Comunicação, 14/2/18)