19/06/2018

Faltou inteligência e plano de contigência na greve dos caminhoneiros

Faltou inteligência e plano de contigência na greve dos caminhoneiros

Em entrevista exclusiva ao TV BrasilAgro (WebTV www.brasilagro.com.br), os coronéis da reserva do Exército Brasileiro Carlos Gomes Monteiro e Edno Martins da Silva Leitão, especialistas em gerenciamento de riscos, inteligência, segurança e compliance, avaliaram que os efeitos do levante dos caminhoneiros poderiam ter sido amenizados caso houvessem  tido ações antecipadas por parte das entidades e instituições que representam o agronegócio.

“O principal objetivo das ações de inteligência na guerra é evitar as surpresas. As lideranças do agronegócio erraram e deveriam ter participado das negociações entre o governo e os grevistas para evitar os efeitos como o tabelamento dos fretes que está inviabilizando o setor”, afirmou o Cel. Carlos Gomes Monteiro, que é Mestre e Doutor em Ciências Militares.

Ele também foi Chefe da Agência de Inteligência do Comando Militar do Leste do Exército Brasileiro (Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santos e Minas Gerais, Comandante e Diretor de Ensino da Escola de Inteligência Militar do Exército e coordenador das atividades de gestão de Riscos, Inteligência e Segurança na construção da UHE São Manoel.

Já o Cel. Edno Martins da Silva Leão afirma na entrevista que a falta de ações de inteligência e de um plano de contigência pegou a todos de surpresa e impediu que os efeitos da greve pudessem ser minimizados e que o movimento ocorresse em menor período de tempo. “Houvesse tido um trabalho técnico de levantamento de informações antecipadas, certamente a negociação para o final do movimento teria sido melhor”.

Ele é Mestre em Ciências Militares e foi Chefe da Seção de Inteligência do 2º Batalhão de Infantaria de Força de Paz na Missão da ONU no Haiti. Também foi Gerente de Riscos, Inteligência e Segurança Empresarial no Consórcio Construtor de Belo Monte e consultor da construtora Andrade Gutierrez para elaboração de Plano de Evacuação da Usina de Jannah dam and Lake, no Líbano.

O apoio dado por setores do agronegócio no início do levante aos caminhoneiros também é contestado pelos oficiais militares. “Vimos imagens de tratores e equipamentos agrícolas e mensagens de apoio ao movimento. Não houve nenhuma avaliação dos riscos e o que se vê agora é que o agronegócio acumula prejuízos ainda imensuráveis”, afirmam.

Eles repudiam o movimento que defendia a “intervenção dos militares” durante o levante dos caminhoneiros e e endossam a opinião do Ministro Chefe do Gabinete Institucional da Presidência da República, General Sérgio Etchegoyen: “Intervenção militar é coisa do século passado”.

Na entrevista, os coronéis da reserva, que atuam como diretores da Consultoria Linha Limite (www.linhalimite.com.br), também revelam preocupação em relação à criminalidade no campo. “Há a necessidade de se enfrentar a questão que envolve a insegurança no campo com ações de inteligência, gerenciamento de riscos e compliance. Do contrário, o agronegócio brasileiro se tornará vulnerável e pode comprometer o seu protagonismo no cenário internacional”, defendem (Da Redação, 19/6/18)


Plano conjunto de atuação na prevenção e combate à criminalidade no campo

Parceria prevê inclusão da violência rural na pauta da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social.

 

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e o Ministério Extraordinário da Segurança Pública vão atuar de forma conjunta para prevenir e combater a criminalidade no campo.

 

A parceria prevê, entre outros pontos, a inclusão do tema na pauta da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), além de medidas para a redução de ocorrências e viabilização de investigação criminal e a futura criação de uma comissão formada por CNA e governo para discutir propostas para a segurança no campo.

 

Estas iniciativas surgiram a partir do lançamento do estudo sobre a criminalidade no campo, desenvolvido pela CNA e entregue ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que propôs a comissão, ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e outras autoridades, com o objetivo de desenvolver estratégias para prevenção e combate aos crimes no meio rural.

 

O Observatório da Criminalidade no Campo foi criado em 2017 pela CNA, por meio do Instituto CNA, para oferecer aos produtores e aos trabalhadores rurais um espaço para relatos sobre a ocorrência de algum crime ou ato criminoso em sua propriedade, informando ao Sistema CNA os principais dados. 

 

De acordo com o secretário-executivo do Instituto CNA, André Sanches, a proposta de criação da comissão é uma demonstração do poder público em garantir mais segurança aos produtores rurais, que representam o setor mais importante da economia brasileira.

 

“Vamos continuar atuando para a realização de tarefas para assegurar a produção de conhecimento e a qualificação dos dados relativos ao tema, que propiciem o melhor diagnóstico, a definição de metas e a avaliação dos resultados das políticas de segurança pública, em relação à criminalidade comum que atua no campo”, destaca Sanches.

 

Na busca pela garantia de mais segurança aos produtores rurais brasileiros, a comissão conjunta atuará ainda na identificação de iniciativas de prevenção e combate à violência nas áreas rurais, difundindo as boas práticas e incentivando a expansão das já existentes.

 

A iniciativa é uma ação complementar ao projeto de lei que instituiu o Sistema Único de Segurança Pública, sancionado pelo Presidente da República, Michel Temer, nesta semana. O SUSP propõe o envolvimento dos entes federados para a prevenção e enfrentamento da violência no Brasil.

 

Para o consultor em segurança da CNA, Rodney Miranda, que também é um dos idealizadores do SUSP, o trabalho conjunto entre a CNA e o Ministério Extraordinário da Segurança Pública garantirá mais segurança aos produtores brasileiros.

 

“No âmbito do SUSP haverá a formação de um completo banco de dados criminais, padronizando e unificando as informações dos diversos órgãos direta ou indiretamente envolvidos com o tema”, declara.

 

O consultor da CNA informa que serão implantadas políticas de segurança pública nacional, estaduais e municipais, com indicadores, metas e aferição de resultados, como parâmetros para investimentos a serem realizados também no meio rural.

 

Desta forma, para mapear os casos de violência no campo, a CNA criou o Observatório da Criminalidade no Campo. Os produtores rurais que sofreram algum tipo de crime no campo podem enviar foto, áudio ou vídeo para (61) 99834-7773. A denúncia é anônima (Assessoria de Comum icação, 18/6/18)