FCStone eleva safra de soja a 124,2 mi t; também vê recorde para milho
O Brasil deverá colher um recorde de 124,2 milhões de toneladas de soja na temporada 2019/20, estimou nesta terça-feira a consultoria INTL FCStone, apontando um aumento de pouco mais de 200 mil toneladas em relação ao número anterior.
“Esse resultado muito positivo, configurando um recorde histórico para o Brasil... ocorre mesmo com as perdas no Rio Grande do Sul”, disse a analista Ana Luiza Lodi, em nota.
A produção gaúcha foi novamente ajustada para baixo, ficando em 17,14 milhões de toneladas, disse a consultoria, observando que mais uma vez que as chuvas se mantiveram muito irregulares no último mês e há previsão de estiagem na região norte do estado para os próximos dez dias.
Nesta terça-feira, o órgão oficial de previsões do Rio Grande do Sul reduziu a safra gaúcha para 16,5 milhões de toneladas.
Outras áreas de produção de soja, como o líder Mato Grosso, têm compensado as reduções projetadas para a safra do Rio Grande do Sul, tradicionalmente o terceiro produtor nacional.
Segundo a FCStone, a colheita da soja em andamento aponta perspectivas positivas e recordes históricos em vários Estados. Em Mato Grosso, por exemplo, a safra deve ficar próxima a 34,5 milhões de toneladas, quase 1 milhão acima da projeção anterior e aumento de cerca de 2 milhões na comparação com a safra passada.
A consultoria também elevou a projeção de exportação de soja pelo Brasil na temporada atual, para 75 milhões de toneladas, 3 milhões de toneladas acima da divulgada em fevereiro.
“Apesar das preocupações quanto a um impacto negativo do acordo entre China e EUA, os dados de line-up indicam embarques muito fortes e cerca de 60% da safra já está comercializada”, avalia Ana Luiza.
Já a estimativa de consumo interno passou de 48 milhões de toneladas para 48,5 milhões de toneladas.
Com isso, os estoques finais estimados ficaram em 2,5 milhões de toneladas da oleaginosa.
MILHO TAMBÉM RECORDE
Com perspectivas de crescimento na área plantada do milho segunda safra, conhecido como “safrinha”, em meio a uma demanda aquecida e preços sustentados do produto, a FCStone estimou a safra total do cereal do Brasil em 2019/20 em novo recorde de 101,1 milhões de toneladas.
A empresa de análises elevou em 3,2% sua projeção para a segunda safra, para 74,28 milhões de toneladas, em meio a boas perspectivas para o Mato Grosso, que deverá colher 33 milhões de toneladas, ante 30,8 milhões na estimativa de fevereiro.
Em relação à primeira safra, a perspectiva da consultoria apresentou pequeno corte em março, ficando em 25,7 milhões de toneladas.
“O Rio Grande do Sul passou por mais uma redução na produtividade esperada, diante da irregularidade das chuvas”, disse Ana Luiza Lodi.
Situação parecida também foi observada em Santa Catarina, com expectativas de produtividade e produção um pouco menores em relação a fevereiro, comentou.
A FCStone projeta exportação de 35 milhões de toneladas de milho em 2019/20, ante um recorde de 41,17 milhões no ciclo anterior.
A demanda doméstica deverá crescer em quase 5 milhões de toneladas, para 70 milhões de toneladas (Reuters, 3/3/20)
Seca reduz em 16% safra de soja do RS e em 21% a de milho; novas perdas à vista
A estimativa da safra de soja do Rio Grande do Sul, tradicionalmente o terceiro produtor do Brasil, foi reduzida em 16% nesta terça-feira, para 16,5 milhões de toneladas, por efeitos da seca que atingiu o Estado na temporada 2019/20, segundo pesquisa da Emater-RS.
A produção de milho do Rio Grande do Sul, que planta o cereal somente na primeira safra, sendo normalmente o principal produtor nacional do grão na colheita de verão, foi estimada em 4,7 milhões de toneladas, queda de 21% ante a projeção inicial, segundo a Emater, o órgão oficial de estimativas.
A falta de chuva também afetou as safras de feijão e de arroz, em menor escala. Mas o tempo seco indica ainda riscos para as safras de verão, apontou o secretário Estadual da Agricultura, Covatti Filho.
“Nós vemos algumas perdas muito significativas, em decorrência da estiagem, que ainda deixa o Rio Grande do Sul em alerta”, disse ele, durante a feira Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS).
“Podemos ter ainda um agravamento dessa estiagem nos próximos dias, que apresentam uma expectativa de previsão do tempo sem chuvas e que poderá transformar essa estiagem em seca, agravando ainda mais os reflexos negativos na safra de verão”, disse ele, segundo comunicado.
O Rio Grande do Sul é um dos poucos Estados a apresentarem problemas com a seca neste ano, enquanto outras regiões têm registrado chuvas abundantes que estão impulsionando as produtividades da soja e garantindo uma safra recorde da oleaginosa até o momento, de acordo com analistas.
Até meados do mês passado, algumas consultorias viam a safra do Brasil, maior exportador mundial de soja, que deve se consolidar também como maior produtor em 2019/20, acima de 125 milhões de toneladas.
Com os problemas da seca, o Rio Grande do Sul deverá perder para Minas Gerais o posto de maior produtor de milho na primeira safra —essa colheita, aliás, tem ajudado indústria de carnes, diante de estoques apertados do cereal que impulsionaram os preços recentemente.
No caso da soja, em comparação com a safra passada (2018/19), a estimativa indica redução de 10% na produção, por ora.
Ainda assim, esta será ainda a quinta maior safra de verão da história do Rio Grande do Sul, segundo a Emater.
Os efeitos da estiagem também afetaram as demais culturas de verão, como o feijão e o arroz.
A estimativa de safra de arroz já sofreu redução de 1,5%, para 7,4 milhões de toneladas, disse a Emater (Reuters, 3/3/20)