Fertilizantes/2022: Alta do preço desestimula comercialização antecipada
DEFENSIVOS AGRICOLAS- imagem internet
Foto MS Post
Os preços elevados dos fertilizantes e a consequente deterioração da relação de troca entre commodity e adubo desestimularam a antecipação das compras dos insumos pelos produtores para aplicação no ano que vem. Para uso na safra de inverno 2021/22, o ritmo das compras está 1 ponto porcentual à frente de igual período do ano passado, enquanto para aplicação na safra de grãos de verão 2022/23, há atraso de 5 pontos porcentuais na fixação dos preços dos adubos, revela pesquisa da consultoria StoneX, antecipada ao Broadcast Agro .
A retração é constatada após um longo período, a partir de 2019, em que o produtor vinha assegurando cada vez mais antecipadamente o seu pacote de adubação, especialmente para grãos. "Diferentemente de 2019 e 2020, onde tivemos uma forte antecipação de compra a partir do quarto trimestre, neste ano, em virtude dos elevados níveis de preços dos adubos e relações de trocas com diversas culturas desfavoráveis, observamos uma retração do produtor em antecipar as compras para as próximas safras", avalia o consultor de gerenciamento de risco de fertilizantes da StoneX, Rafael Yamamoto.
Até a terceira semana de novembro, 49% dos adubos a serem utilizados nas lavouras brasileiras no primeiro semestre do ano que vem - período de semeadura das culturas de inverno como milho safrinha e trigo e do algodão - já tinham sido comercializados. A comercialização antecipada de fertilizantes para uso no primeiro semestre do ano que vem estava acelerada até o fim de maio e depois foi avançando em ritmo mais lento, de acordo com a pesquisa. Em maio, 28% dos insumos para o período já haviam sido garantidos pelos produtores e em agosto, o índice atingiu 39%.
Apesar do ritmo geral de compras para uso na safra de inverno estar 1 ponto porcentual à frente de igual período do ano passado, há um recuo de 12 pontos porcentuais na comercialização dos fertilizantes no Centro-Oeste, região que lidera a produção de milho safrinha e de algodão, destaca a Stonex.
O índice de negociação dos adubos atingiu 59% do volume necessário na região em novembro deste ano, ante 71% observado em igual período do ano passado. Atrás do Centro-Oeste, aparece a região Norte/Nordeste e a região Sul, com 50% e 45% do volume comercializado, respectivamente. Já o Sudeste ficou abaixo da média nacional, com 39% das compras asseguradas.
A desaceleração das compras é mais acentuada na comercialização para aplicação no segundo semestre de 2022 - período de plantio da safra de verão 2022/23 - e nas grandes regiões produtoras de grãos de verão. Até a terceira semana de novembro, 19% dos fertilizantes a serem adquiridos na primeira metade da temporada 2022/23 já haviam sido comprados pelos produtores ante 24% de igual período do ano passado.
Em agosto deste ano, ainda não havia indicação de compra para o segundo semestre do ano que vem. Aproximadamente dois terços dos adubos consumidos anualmente no Brasil são utilizados na segunda metade do ano. Desse volume, a maior parte é aplicada a partir de setembro, quando começa o plantio da soja e do milho de verão.
No Centro-Oeste, principal região produtora de grãos de verão, o recuo na comercialização antecipada para o segundo semestre de 2022 é ainda maior que o índice nacional, de 14 pontos porcentuais. No período reportado, 22% dos adubos já haviam sido contratados ante 36% reportado em novembro do ano passado. A região Sudeste garantiu 20% dos fertilizantes para a segunda metade do próximo ano, enquanto no Norte/Nordeste, o índice é de 18% e, no Sul, 16%.
O levantamento foi feito pela consultoria até a terceira semana deste mês com misturadoras, distribuidoras, cooperativas, médios e grandes produtores de todas as regiões do País e considera as vendas de adubos por meio da fixação de preços e fechamento de contratos para entrega futura. A pesquisa compreendeu uma área de 25 milhões de hectares, equivalente a 41% da área semeada com grãos na safra 2020/21.
O movimento de adiantamento das compras de adubos, observado desde 2019, se intensificava conforme a relação de troca - quantidade necessária de determinada commodity para compra de 1 tonelada de adubo - ficava mais favorável ao produtor. Essa relação, contudo, está menos favorável ao produtor, em virtude das altas contínuas dos preços dos adubos. Ou seja, o poder de compra de fertilizantes do agricultor brasileiro está menor, apesar das cotações sustentadas das commodities.
De acordo com dados da StoneX, o valor pago para importar os principais macronutrientes para o Brasil subiu mais de 98% desde o início do ano. O preço da ureia CRF Brasil avançou 201% de janeiro a novembro deste ano para US$ 874 por tonelada. A cotação do cloreto de potássio avançou 228% na mesma comparação para US$ 803 por tonelada, enquanto o preço do fosfato monoamônico (MAP) subiu 98% para US$ 833 por tonelada.
Entregas
Para este ano, a Stonex estima crescimento de 8% nas entregas de fertilizantes ao consumidor final no Brasil para 43,81 milhões de toneladas ante 40,56 milhões de toneladas consumidas internamente no ano passado. A maior demanda deve-se à maior área plantada de grãos e cenário otimista para a rentabilidade das culturas brasileiras (Broadcast, 25/11/21)