Forças Armadas fazem acompanhamento discreto de militância
Por Roberto Godoy
Possibilidade de confronto entre apoiadores de Lula e grupos opositores – ou com a polícia –, é considerada pelos militares 'um evento perfeitamente controlável pelas organizações estaduais de segurança em São Paulo e no Paraná'.
As Forças Armadas acompanham discretamente a mobilização do PT em São Bernardo do Campo. Os serviços de inteligência reconhecem que infiltraram agentes em meio à militância, e que mantém vigilância nas redes sociais. E é só. A possibilidade de um confronto entre os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os grupos opositores – ou com a polícia –, é considerada pelos militares “um evento perfeitamente controlável pelas organizações estaduais de segurança em São Paulo e no Paraná”.
Desde as 13h desta sexta-feira, 6, havia pouco menos de 1,1 mil policiais prontos para entrar em ação em Curitiba. Pouco menos de 300 deles foram para as ruas, reforçar o esquema normal de controle. Os demais permaneceram nas sedes dos batalhões. Em pontos elevados, coberturas de edifícios e teto de torres, havia atiradores de elite com a missão de observar a área próxima da 13.ª Vara Federal, onde trabalha o juiz Sérgio Moro e que foi palco de manifestações o dia todo. À tarde, um time do Choque da PM foi deslocado para São Bernardo em ação definida como “preventiva”.
No comando do Exército, o fator de preocupação é o Movimento dos Sem-Terra. De acordo com uma análise interna a que o Estado teve acesso, o MST – que ontem bloqueou estradas federais –, está presente em 25 Estados e tem defensores da opção pela luta armada no campo desde 1998. O número real de integrantes é desconhecido. O principal dirigente, o economista gaúcho João Pedro Stedile, afirma que são 23 milhões, um evidente exagero. No encontro anual de 2016, a Coordenação Nacional estimava os participantes ativos em 120 mil. Nessa conta estariam incluídas todas as famílias de agricultores assentados em terras redistribuídas por meio dos programas da reforma agrária.
O movimento, surgido há cerca de 40 anos e organizado a partir da criação formal, em 1984, segue um esquema de ordenação em dois blocos – o dos núcleos, com 500 pessoas, e o das brigadas, com 500 famílias – cada uma delas em média com cinco pessoas. Gradualmente, o MST ganha consistência. Os assentamentos tem escolas, centros de treinamento e de doutrinação. Cada agricultor paga uma espécie de contribuição a contar do momento em que comercializa os produtos de sua lavoura (O Estado de S.Paulo, 7/4/18)