18/09/2018

Frota da maior usina de caba do mundo dá duas voltas na terra por dia

Frota da maior  usina de caba do mundo dá duas voltas na terra por dia

Maquinário e caminhões da São Martinho, de São Paulo, percorrem 87.200 quilômetros em operação de colheita e transporte.

Imagine colhedoras de cana, tratores, caminhões canavieiros, motoniveladoras, autropelidos, plantadoras e veículos de serviço dando duas voltas na terra ou percorrendo 87.200 km. Essa é a soma da distância percorrida em média por dia pela frota agrícola da maior processadora de cana do mundo, a Usina São Martinho, que fica no município paulista de Pradópolis e tem capacidade de moer 10 milhões de toneladas por ano.

Só as colhedoras de cana percorrem em média 3.500 km por dia. O trajeto é equivalente à distância entre Pradópolis e a capital do Acre, Rio Branco. Os tratores percorrem 6.300 km e os caminhões canavieiros, 46.000 km, o equivalente a mais de dez voltas no percurso de 4.182 km em linha reta que separam os municípios de Oiapoque e Chuí, nos extremos do país.

Os números da movimentação da frota foram divulgados nesta quinta-feira (13/9) pelo diretor agrícola e de tecnologia da São Martinho SA, Mario Ortiz Gandini, em evento de apresentação da nova colhedora da montadora Case IH, parceira da usina no desenvolvimento de maquinário para a cultura da cana-de-açúcar.

A São Martinho processa cana própria, de parceiros e de fornecedores de uma área de 135 mil hectares ao redor de sua sede, o equivalente a quase 190 mil campos de futebol. Segundo o executivo, a gestão da frota agrícola é fundamental para o sucesso da operação durante os 240 dias de safra. A cada dois minutos um caminhão carregado de cana tem que chegar à moenda. Esse é o tempo estimado para não parar a produção. “E a nossa produção não pára há mais de dez anos.”

A produtividade nesta safra, no entanto, deve ser menor: está estimada em 85 toneladas por hectare ante a média anterior de 95 toneladas. A falta de chuvas no período de outubro a janeiro, época de crescimento da cana, deve provocar uma antecipação no fim da safra em todo o setor. “E o cenário para a próxima safra também não é animador”, diz Mario.

Paulo Rodrigues, dono da fazenda Santa Izabel em Jaboticabal e um dos grandes fornecedores de cana da Usina São Martinho, concorda. Segundo ele, choveu menos da metade da média histórica da região e sua colheita deve terminar em um mês, o que significa uma antecipação de cerca de 45 dias. “O pior é que a seca prejudica também as próximas safras, já que a cana é uma cultura de cinco ou seis cortes.” Por conta disso, ele pretende antecipar a renovação de canaviais em algumas áreas da fazenda da família e em terras arrendadas. No total, o filho do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues gerencia 3.500 hectares de cana plantada em São Paulo e mais 2.500 hectares em Frutal (MG).

Nova colhedora

A parceria entre Case e São Martinho vem desde o início da década de 90, quando a usina virou campo de testes de produtos para cana desenvolvidos pela multinacional. Segundo Roberto Biasotto, gerente de marketing de produto da montadora, a nova colhedora série 8810 garante uma economia de 15% no consumo de combustível, melhor qualidade de colheita e tem 29 melhorias tecnológicas que foram introduzidas nesses equipamentos nos últimos anos.

A mecanização da colheita na São Martinho, uma das pioneiras do setor, atinge neste ano 97%. O diretor agrícola admite que a mecanização, com o fim do corte de cana queimada, deixa 15 a 20 toneladas de matéria seca por hectare no solo, mas afirma que os ganhos de longevidade e produtividade do canavial, assim como ganhos ambientais e sociais, são bem maiores.

A usina testa há quatro anos a colhedora Case A-8800 Multirow, de duas linhas, que demanda mudanças no espaçamento de plantio da cana, mas pode garantir uma grande redução de custos na colheita. O desafio é diminuir as perdas de eficiência de colheita em relação à máquina de uma linha. A São Martinho tem uma frota de 68 colhedoras, sendo nove 8810 e cinco Multirow. Cada máquina colhe em média 970 toneladas por dia (na região Centro Sul, a média é de 494 toneladas), desempenho que sobe a cada ano. Na safra 2014/15, por exemplo, a média por máquina era de 772 toneladas/dia (Globo Rural, 17/9/18)