FS Bioenergia minimiza riscos do etanol de milho do Brasil
A demanda dos consumidores brasileiros por biocombustíveis mais baratos e acesso fácil ao milho de Mato Grosso estão por trás da decisão da FS Bioenergia de investir 307 milhões de dólares para construir uma segunda unidade de etanol de milho no Estado, disse o presidente-executivo Henrique Ubrig à Reuters nesta quarta-feira.
A FS Bioenergia, uma joint venture de investidores brasileiros e dos Estados Unidos, anunciou o movimento na terça-feira.
Ubrig minimizou os riscos da aposta da sua companhia para aumentar o pequeno mercado de etanol de milho do Brasil, apesar das evidências de que o setor tem problemas logísticos.
“Certamente o Mato Grosso não vai absorver toda a sua produção de etanol, então a questão se torna o que eu vou fazer com todo o milho disponível lá?” disse Ubrig.
Ubrig reconheceu que a tarefa de transportar etanol para maiores centros populacionais em Estados como São Paulo será cara, pelas distâncias. Mas os preços do milho caíram em meio ao excesso global de grãos, e produzir etanol --que possui maior valor agregado que o milho-- torna-se mais atraente.
O novo projeto, um negócio conjunto entre a Summit Agricultural Group, dos EUA, e a Tapajós Participações SA, vem 20 dias depois que a FS Bioenergia dizer que iria dobrar sua capacidade em Lucas do Rio Verde, a primeira planta exclusiva de etanol de milho no Brasil.
Quando as duas iniciativas forem completadas, a FS Bioenergia produzirá 1,2 bilhões de litros de etanol de milho por ano a partir do processamento de aproximadamente 3 milhões de toneladas de milho.
Produzir etanol não é o problema, disseram analistas da indústria. O problema é o custo do seu transporte e de derivados como os grãos de destilação, usados como ração animal, para os clientes.
A produção de etanol no Mato Grosso, que ainda vem principalmente da cana, pulou para cerca de 1,65 bilhão de litros, de 1,3 bilhões de litros por ano, depois que quatro unidades de etanol de milho surgiram, mostram dados da consultoria Agroconsult.
Mas o consumo interno de etanol do Mato Grosso é de apenas 1,1 bilhão de litros, deixando um grande excedente. A produção de etanol pode dobrar em cinco anos, se nove projetos anunciados saírem do papel, disse a Agroconsult.
“O desafio é levar o etanol para fora”, disse analista e sócio da Agroconsult Fábio Meneghin.
Um opção: vender para os Estados vizinhos no Norte. Mas a diferença nas regras fiscais nas destinações tornaria inviável, disse Meneghin.
Ubrig disse que a companhia pode ser competitiva apesar das questões ficais. Ela também pode competir em São Paulo, especialmente depois da assinatura de um contrato para enviar o etanol por um terminal ferroviário em Rondonópolis.
Em 10 anos, Mato Grosso produzirá aproximadamente 50 milhões de toneladas de milho por ano, 20 por cento do qual será convertido em etanol, disse Ubrig (Reuters, 21/2/180