Furlan diz que disputa no conselho prejudica BRF
Um importante acionista da empresa de alimentos BRF disse nesta terça-feira que as conversas entre investidores para uma chapa unificada de candidatos para o conselho de administração estagnaram, com uma prolongada disputa pela liderança prejudicando os planos de recuperação da companhia.
A BRF amarga dois anos de prejuízos e foi um dos alvos da operação Carne Fraca, que resultou no fechamento de fábricas.
Luiz Fernando Furlan, 15º maior acionista da BRF, disse em teleconferência com jornalistas que a empresa precisa de um conselho que trabalhe como equipe e que permita que a companhia avance no preenchimento de importantes posições executivas.
“Brigas por poder destroem valor na companhia”, afirmou Furlan, cuja família fundou a empresa que posteriormente se uniu à rival Perdigão para criar a BRF. “A companhia precisa recuperar sua posição de liderança e retomar o crescimento”.
Furlan disse que hoje há 14 candidatos para 10 assentos no conselho. Esse número pode crescer, já que acionistas podem propor outros nomes, até o dia da assembleia de acionistas programada para 26 de abril, quando o novo conselho será eleito.
Importantes acionistas da BRF, os fundos de pensão Petros e Previ detém uma fatia combinada de 22 por cento, estão pressionando por substituições no conselho, o que eles veem como crucial para a recuperação da empresa.
Um impasse sobre quem deve compor o novo conselho levou à sugestão de adoção do sistema de voto múltiplo, que permite a votação em candidatos individualmente em vez de uma lista pré-determinada.
Furlan disse que seus esforços de pacificação entre os acionistas dissidentes foram infrutíferos.
“Inicialmente as conversas estavam indo vem, mas estagnaram. Eu cheguei à conclusão de que minha intermediação não estava ajudando”, disse em relação às negociações envolvendo Petros, Previ e Península, o veículo de investimento do atual presidente do conselho da BRF, Abílio Diniz (Reuters, 17/4/18)
Assembleia da empresa terá 14 candidatos ao conselho
A empresária Luiza Helena Trajano, dona da varejista Magazine Luiza, e o consultor Vicente Falconi vão disputar vaga para o novo conselho de administração da BRF, que será definido na assembleia de acionistas dia 26. Com essas inclusões formalizadas nos documentos encaminhados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os acionistas terão 14 nomes à disposição para formar o novo colegiado. Ambos são indicações feitas pelo ex-ministro e atual conselheiro Luiz Fernando Furlan, minoritário herdeiro da Sadia.
O presidente executivo da BRF, José Aurélio Drummond Jr., não mais será conselheiro. Consultada, Luiz Helena confirmou que aceitou concorrer ao colegiado.
A formação do conselho será feita por processo de voto múltiplo, por solicitação da gestora Aberdeen, dona de 5% da BRF. Por esse sistema, cada acionista distribui os votos que possui nos candidatos que quiser eleger, individualmente e não em grupo. Com isso, terminou a disputa de chapas entre os acionistas da companhia.
Em fevereiro, Petros e Previ, donos de 22% da BRF, apoiados pela Aberdeen e pela gestora carioca Jardim Botânico, iniciaram um movimento pela reforma do conselho da BRF, cujo objetivo era encerrar a influência de Abilio Diniz sobre a empresa. Juntos, eles propuseram uma chapa com dez nomes para o colegiado. Abilio preside o conselho da BRF desde abril de 2013 e detém 4% das ações da empresa. Diante da iniciativa das fundações, o empresário buscou formar uma chapa concorrente à dos fundos de pensão.
Estão na lista todos os indicados pelos fundos de pensão Petros e Previ – Augusto Cruz, Dan Ioschpe, Guilherme Affonso Ferreira, José Luiz Osório, Roberto Mendes, Francisco Petros, Roberto Funari, Walter Malieni e Vasco Dias – e também os nomes sugeridos pelos acionistas Abilio Diniz e Furlan – Flávia Almeida, Roberto Rodrigues, Luiza Helena Trajano, Vicente Falconi e o próprio Furlan (Assessoria de Comunicação, 17/4/18)