26/05/2025

Gonet esquece microfone aberto e diz que fez 'cagada' em depoimento

Gonet esquece microfone aberto e diz que fez 'cagada' em depoimento

Paulo Gonet  Foto Marcelo Camargo  Agência Brasil

 

Segundo relatos, pessoas que acompanhavam a sessão deram risada da gafe.

 

O procurador-Geral da República, Paulo Gonet, cometeu uma gafe durante depoimento do ex-ministro da Defesa José Aldo Rebelo ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (23).

 

Rebelo foi chamado como testemunha no processo que investiga a trama golpista de 2022.

 

De acordo com relatos, os dois estavam em um embate "caloroso" após Gonet ter feito uma pergunta que começava com a frase: "o senhor acredita". A colocação caiu mal pois, de acordo com advogados familiarizados com o caso, testemunhas "relatam fatos, e não opiniões [ou crenças]".

 

Gonet, sem perceber que o seu microfone ainda estava aberto, então falou: "Fiz uma cagada agora". Ainda segundo relatos, as pessoas que acompanhavam a sessão deram risada da gafe.

 

A sessão foi tensa. Como mostrou a Folha, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) chegou a ameaçar prender Aldo por desacato.

 

"Se o senhor não se comportar, vai ser preso por desacato", disse Moraes depois de pedir que o ex-ministro fosse objetivo nas perguntas e Aldo afirmasse que "não admito censura". "Estou me comportando", respondeu.

 

O imbróglio surgiu após Aldo fazer comentários sobre a língua portuguesa para questionar a intenção do ex-chefe da Marinha Almir Garnier Santos ao dizer, segundo testemunhas, que teria colocado tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de 2022.

 

"Na língua portuguesa nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes como a força da expressão. Ela nunca pode ser tomada literalmente. Quando alguém diz que está frito, não significa que esteja dentro da frigideira. Ou que está apertado, não significa que esteja sendo submetido a um tipo de pressão literal", disse Aldo.

 

O ex-ministro disse que, com essa premissa, não se poderia concluir que a suposta fala de Garnier sobre dar apoio armado aos planos de manter Bolsonaro no poder não poderia ser entendida de forma literal.

 

Moraes interveio. Ele disse que Aldo não estava na reunião em que Garnier teria declarado anuência a um golpe de Estado e, por isso, não poderia dar declarações sobre fatos que não testemunhou.

 

O ex-ministro Aldo Rebelo foi indicado pela defesa do almirante Garnier como testemunha, para auxiliar na comprovação de sua inocência diante da acusação de que teria participado da trama golpista de 2022.

 

O ex-chefe da Marinha responde a cinco crimes: associação criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado (Folha, 24/5/25)