Governo aguarda exame de tipificação da vaca louca para ir à China
VACA LOUCA. Foto Shutterstock Agia Reprodução.jpg
O governo federal aguarda o resultado do exame de tipificação do caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), doença popularmente conhecida como "mal da vaca louca", registrado em um animal no Pará para avaliar o envio de uma delegação à China.
O exame, feito no laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), em Alberta, no Canadá, vai identificar se o caso é clássico ou atípico, ou seja, que surge de forma espontânea no organismo do animal, sem risco de disseminação no rebanho nem ao ser humano.
O laudo deve sair nesta quinta-feira (2), relataram fontes ao Broadcast Agro. Se a análise apontar caso atípico, como indicam as características do animal, uma comitiva formada por representantes do Ministério da Agricultura e diplomatas do Itamaraty deve ir ao país asiático ainda na próxima semana. "Primeiro, precisamos ter certeza da atipicidade para depois avaliar as medidas comerciais", disse uma fonte.
Com o caso sendo confirmado como atípico, o que é esperado pelo governo, o Brasil partirá para as tratativas de reabertura das exportações de carne bovina para o país asiático. O objetivo do governo, se for atípico, é negociar a retirada do autoembargo antes da missão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, prevista para 28 de março.
A estratégia é liderada pelos Ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores, que argumentarão que o caso é isolado e que o País continua livre da doença. "Seria um gesto, um sinal de boa vontade e de aproximação do lado chinês", afirmou outro interlocutor.
Um protocolo bilateral assinado em 2015 por Brasil e China prevê a suspensão imediata e voluntária das exportações da proteína brasileira temporariamente em caso de identificação de EEB, mesmo sendo atípico, e exige a presença de uma delegação técnica do ministério na China para "discutir as condições para prosseguir" com a exportação dos produtos.
Segundo o documento, diante do caso, a Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena da República Popular da China (AQSIQ) deve reavaliar o status de risco do Brasil e se vai retomar as importações das proteínas. "Seguiremos os protocolos. Iremos aguardar o resultado e depois trabalhar para liberar mercado", acrescentou um membro do governo.
Desde que a suspeita do caso foi identificada, na última segunda-feira (20), autoridades do Ministério da Agricultura e adidos agrícolas, se aproximaram dos pares chineses para prestar prontos esclarecimentos e tranquilizá-los sobre o caso isolado.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, recebeu o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, para tratar do tema, que reconheceu o fato de o Brasil ter cumprido prontamente o protocolo sanitário. "Ele mostrou disposição em agilizar a retomada de mercado. Também entende que é isolado e deve ser atípico", disse outro interlocutor que acompanhou a reunião.
A China é o principal destino da carne bovina brasileira, respondendo por cerca de 50% dos embarques (Broadcast, 27/2/23)