Governo alavanca “fake news” para tentar diminuir protagonismo do agro
Foto Fazenda Nova Geração. Reprodução Blog Agrofy News
“Culpar as fake news pelos erros do governo Lula é fake News” -Fabiano Lana, O Estado de S.Paulo, 17/1/25
Por Paulo Junqueira
Três notícias impactaram a opinião brasileira e mundial na semana passada: A crise do “Pix” que colocou o deputado federal Nikolas Ferreira como recordista nacional na internet com mais de 300 milhões de visualizações; o anúncio de que o Brasil será o país recordista com o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de 28% como o mais alto do mundo; e, as denúncias feitas pelos produtores brasileiros de arroz, café, milho e soja de que a Conab - Companhia Nacional de Abastecimento está maquiando para baixo suas estimativas oficiais de produção.
A crise do Pix provocada pela inabilidade da esquerda (PT & Cia.) em se comunicar através das redes sociais, jogou para o alto o prestígio do jovem deputado mineiro de apenas 28 anos e obrigou o governo a se curvar ante as evidências de que os “controles” de operações que seriam feitas pela Receita Federal”, não passavam de cortina de fumaça para eminentes taxações nas movimentações de pagamentos feitos pelo sistema Pix e cartões de crédito. Faltou criatividade e ficou evidente a tentativa de impor a cópia da estratégia usada nas “taxas das blusinhas” que seriam, inicialmente, isentas e que acabaram sendo taxadas.
A certeza de que o governo quer nos impor a taxa mais alta do mundo do IVA (28%) não é novidade pois a “intelligentsia” que norteia o governo petista e seu entorno, pela sua aversão, inexperiência e falta de vocação em produzir bens e serviços, acredita que as soluções de uma país partem necessariamente da taxação daqueles que criam, investem e produzem. Ou seja, os que trabalham devem ser taxados para que o governo socialista distribua entre os seus apaniguados e aos que não trabalham os recursos auferidos.
Mas, vamos ao que interessa a nós produtores rurais, que produzimos para alimentar os 212.583.750 brasileiros (IBGE, junho/24) e a mais de 1 bilhão de pessoas de 150 países espalhados pelo globo terrestre (Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República). Nas últimas semanas, a mídia tem noticiado o embate que ocorre entre funcionários, diretores e o presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Marcio Pochmann. Ao mesmo tempo, há setores da mídia que colocam sob suspeição os números que o IBGE tem divulgado (BBC News Brasil).
A manipulação de dados é muito comum nas ditaduras e governos de esquerda. Denúncias feitas nas últimas horas por entidades e consultorias de alta reputação nacional e internacional indicam que o governo, através da Conab, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, estaria maquiando para baixo suas previsões para algumas das principais commodities brasileiras. Dentre elas, soja, milho, café e arroz.
A renomada consultoria Agroconsult acaba de denunciar que a safra de soja e de milho supera em 20 milhões de toneladas a da Conab. O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil - Cecafé, Márcio Ferreira, disse que é preciso evitar fazer "críticas pejorativas" à Conab, mas destacou que "a metodologia (da estatal) pode estar bastante errada, e os números indicam que está", referindo-se aos números da safra e volume exportado.
Ao mesmo tempo, a Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul) e a Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul) contestaram, em nota conjunta, os números da safra de arroz divulgados pela Conab. Segundo as entidades, os números da estatal trazem "nova rodada de desinformação quanto aos dados de área, produtividade e produção de arroz". Para as entidades, o governo divulga dados equivocados, superestimando a produção, com o intuito claro de intervir nos preços do cereal. Para contestar o governo, a nota das duas entidades se baseiam em números da área semeada apurados pelo IRGA (Instituto Rio Grandense do Arroz).
As entidades lembram, ainda, a tentativa frustrada do governo de importar arroz no ano passado. Como se recorda, o leilão de importação de 263 mil toneladas de arroz foi anulado pelo governo após indícios de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras. O evento também foi criticado pelo fato de um ex-assessor parlamentar do secretário de Política Agrícola e ex-ministro da Agricultura Neri Geller, ter intermediado a venda de 44% de arroz no leilão. Oposição e associações de produtores alegaram que houve favorecimento do ex-assessor de Geller, Robson Luiz de Almeida França.
Em relação à capacidade técnica das vencedoras, o que foi apontado é que três das quatro vencedoras não são do ramo de arroz ou de importação, o que, segundo analistas de mercado, poderia gerar problemas na operação. Essas empresas receberiam recursos do governo para importar e entregariam o produto em unidades. Por outro lado, nenhuma companhia tradicional participou do leilão, segundo uma das bolsas que operou a negociação.
Qual o interesse e o objetivo da Conab em tentar, propositadamente, diminuir as expectativas da produção nacional de soja, milho, café e arroz? Seria o de seguir o que ocorreu com o arroz no ano passado, e tentar importar através da estatal sob o guarda-chuva do ministro Paulo Teixeira do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar algumas das principais commodities agrícolas e lideradas pelo Brasil a nível global?
É premente e oportuno que o maior canal político do agro brasileiro que é a Frente Parlamentar da Agropecuária presidida pelo competente deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) e formada por 290 dos 340 deputados federais e por 50 dos 81 senadores convoque os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Carlos Fávaro (Agricultura) e exija deles explicações. Com certeza a constituição de uma CPI no âmbito do Senado e da Câmara Federal também seria esclarecedora e muito bem-vinda.
Vale lembrar e, certamente, os pesquisadores da Conab não sabem disto, ou sabem muito bem que notícias sobre projeções de safras das commodities impactam, de imediato, os preços negociados nas bolsas de Chicago e Nova York. As cotações acabam caindo e com isto os preços menores pagos pelos importadores acabam prejudicando aos produtores destas commodities. Que o presidente Lula não nutre nenhuma simpatia pelos produtores rurais isto é do conhecimento de todos. E, a recíproca também é verdadeira.
Mas, usar a Conab para espalhar fake news mostra a diferença abissal entre os produtores e governo federal. Não somos nem fascistas e nem do “ogro”. Somos brasileiros e temos muito orgulho de sê-lo. Trabalhamos duro e reinvestimos todos os nossos ganhos para produzirmos mais e melhor, usando a tecnologia que nos coloca como o maior produtor global de carnes e grãos. Nas eleições municipais do ano passado, conseguimos “varrer” os partidos da esquerda predatória e bandida.
Neste 2025 vamos focar as eleições de 2026, pois só seremos um país mais justo e democrático sem os párias que transitoriamente comandam nossos interesses e destinos (Paulo Junqueira é advogado, produtor rural, presidente do Sindicato e da Associação Rural de Ribeirão Preto e da Assovale – Associação dos Produtores do Vale do Rio Pardo)