Governo assina intenções de cooperação com a China em energias renováveis
Os memorandos de entendimento foram assinados por ministros e outras autoridades brasileiras durante encontro entre Bolsonaro e o presidente chinês Xi Jinping.
O governo brasileiro assinou, nesta sexta-feira (25), memorandos de entendimento sobre cooperação em várias áreas, como operações financeiras, energias renováveis e eficiência energética, educação, ciência e agronegócios (veja abaixo). Os memorandos, que foram assinados pelos ministros e autoridades de cada área, são intenções de colaboração futura e não trazem detalhes de como funcionariam na prática.
O presidente Jair Bolsonaro, que está na China desde quinta (24), e se encontrou nesta manhã com o presidente chinês Xi Jinping. A prioridade da visita de Bolsonaro ao gigante asiático é ampliar a relação comercial entre os dois países, segundo o presidente. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, com US$ 70 bilhões negociados em 2017.
A viagem faz parte de um giro de 12 dias por países da Ásia e do Oriente Médio. Bolsonaro também esteve no Japão, onde participou da entronização do imperador Naruhito, e ainda deverá ir aos Emirados Árabes, ao Catar e à Arábia Saudita.
Veja os termos assinados:
- Memorando de entendimento de cooperação entre o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China: pretende ampliar a cooperação e tornar mais regulares os contatos entre o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.
- Acordo para reconhecimento mútuo de operadores econômicos autorizados: a ideia é facilitar os benefícios oferecidos pela aduana a operadores considerados de baixo risco.
- Memorando de entendimento sobre cooperação em energias renováveis e eficiência energética: pretende estabelecer a base para um relacionamento institucional colaborativo de cooperação bilateral nas áreas de energias novas e renováveis e eficiência energética.
- Memorando de entendimento entre a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Fundação Nacional de Ciência Natural da China (NSFC): o objetivo é desenvolver a colaboração internacional entre as duas instituições, contribuindo para o intercâmbio acadêmico, educacional e científico entre docentes, pesquisadores e pós-doutorandos de instituições brasileiras e chinesas.
- Memorando de entendimento sobre programa bilateral de intercâmbio de jovens cientistas: pretende expandir os canais de comunicação entre jovens cientistas e pesquisadores de Brasil e China e aprofundar a colaboração científica e tecnológica entre os dois países.
- Protocolo sanitário para exportação de carne bovina termoprocessada: estabelece os requisitos para permitir a exportação de carne termoprocessada do Brasil à China.
- Protocolo sanitário para exportação de farelo de algodão (usado como ração animal): estabelece os requisitos para permitir a exportação de farelo de algodão do Brasil para a China.
- Memorando de entendimento entre a Embrapa e a Academia Chinesa de Ciências (CAS) para a criação de laboratórios conjuntos voltados ao melhoramento e desenvolvimento da soja: pretende fomentar a cooperação em ciência e tecnologia por meio de projetos conjuntos. O primeiro deve ser um “laboratório virtual” Brasil‐China que desenvolverá pesquisas nas áreas de caracterização de germoplasma, edição de genoma e genética funcional na cultura da soja.
- Acordo entre a Universidade Federal de Goiás e a Faculdade de Medicina de Hebei sobre o estabelecimento de Instituto Confúcio: prevê o estabelecimento de Instituto Confúcio na Universidade Federal de Goiás. O instituto prevê aulas de mandarim, cultura chinesa e medicina tradicional chinesa. Já existem, no Brasil, 10 unidades do Instituto Confúcio.
- Memorando de entendimento entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a CTG Brasil – China Three Gorges Brasil Energia LTDA: a ideia é criar um centro de Pesquisa e Desenvolvimento voltado para a área de geração de energia limpa.
Críticas à China
Nesta quinta-feira, o presidente brasileiro não quis falar sobre as críticas aos chineses feitas na campanha, quando disse várias vezes que incentivaria o país asiático a "comprar no Brasil, não a comprar o Brasil".
Em janeiro, uma viagem à China de deputados do PSL — partido do presidente — foi criticada pelo ideólogo do governo de Bolsonaro, Olavo de Carvalho e, segundo o blog da Andréia Sadi, causou mal-estar no Planalto. A avaliação de ministros ouvidos pelo blog na ocasião era de que o grupo estava “deslumbrado” e que a viagem iria desgastar a imagem do governo.
Em março, entretanto, o presidente anunciou que iria à China, a convite de Xi Jinping, e disse que a relação com o país iria melhorar.
Declaração conjunta
Nesta sexta, Bolsonaro e Xi Jinping divulgaram uma declaração conjunta afirmando que desejam aprofundar e fortalecer a parceria entre Brasil e China, "com base em igualdade, respeito e benefícios mútuos".
Os dois presidentes "saudaram os expressivos fluxos bilaterais de comércio traduzidos no nível recorde obtido em 2018". Também falaram sobre a intenção de "ampliar ainda mais a corrente comercial e comprometeram-se a estimular a diversificação dos produtos intercambiados".
Os dois lados ressaltaram a "cooperação frutífera em ciência, tecnologia e inovações e concordaram em incentivar a mobilidade de cientistas, a realização de pesquisas conjuntas e a colaboração entre parques tecnológicos, incubadoras e empresas de base tecnológica do Brasil e da China". Eles citaram o lançamento do satélite CBERS-4A no final de 2019 e falaram sobre o desejo de continuar a cooperar no campo espacial.
Casaco do Flamengo
Bolsonaro presenteou Xi Jinping com um agasalho do Flamengo e afirmou que 1,3 bilhão de chineses torcerão pelo clube na final da Libertadores, em novembro.
"O Brasil todo é Flamengo e com toda a certeza 1 bilhão e 300 milhões de chineses também serão Flamengo no final do mês que vem. Então, presenteá-lo com uma camisa do melhor time brasileiro no momento", afirmou o presidente.
Em 2018, a população chinesa era de 1.395.380.000 pessoas, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas da China.
Bolsonaro é palmeirense e botafoguense, mas já havia aparecido em público com a camisa do Flamengo em junho, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, numa partida contra o CSA. Na ocasião, ele e o ministro Sérgio Moro vestiram as camisas que ganharam de torcedores (G1, 25/10/19)