‘Governo é contraditório em questões fiscais’, dizem produtores de etanol
O vice-presidente do Fórum Nacional do Setor Sucroenergético e presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar), Renato Cunha, criticou a possibilidade de o governo reavaliar a tributação da gasolina como forma de frear as seguidas altas do combustível de petróleo ao consumidor. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou hoje, em Nova York, que o governo analisa essa possibilidade de alterar a tributação e reafirmou que não pretende interferir na política da Petrobras de ajustes diários nos preços do combustível fóssil.
Segundo Cunha, "o governo é contraditório nessa questão fiscal", ao admitir a possibilidade de redução de tributos enquanto, ao mesmo tempo, avalia uma taxação de exportações do agronegócio. "O governo sempre propõe ao Congresso mais e mais fórmulas para querer arrecadar mais, como, por exemplo, no bojo da reforma previdenciária, imputar ao agronegócio taxas sobre exportações", disse.
O setor produtivo do etanol teme que a redução de impostos sobre a gasolina tire novamente a competitividade do biocombustível retomada com os reajustes do derivado. Nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff a desoneração da gasolina foi a forma encontrada pelo governo de evitar aumentos da gasolina e os impactos na inflação. A medida, no entanto, prejudicou o setor de etanol e trouxe o fechamento de usinas.
Cunha afirmou que a possibilidade de o governo voltar a controlar os preços da gasolina seria um retrocesso que condenaria a Petrobras. "Não há espaço no mundo republicano para um retrocesso dessa natureza", concluiu (Reuters, 7/3/18)