Governo indiano aprova incentivos para exportações de açúcar em 2018/19
O gabinete da Índia aprovou nesta quarta-feira incentivos para encorajar usinas com pouco dinheiro a exportar açúcar na temporada de 2018/19, de acordo com um comunicado do governo, como parte dos esforços do país para reduzir seus estoques.
O gabinete do primeiro-ministro Narendra Modi dará subsídios de transporte de 1.000 rúpias (13,77 dólares) por tonelada para 3 mil rúpias por tonelada de açúcar às usinas, dependendo da distância dos portos, disse o comunicado.
Além disso, o gabinete aprovou elevar o preço que o governo paga diretamente aos produtores de cana para 138 rúpias (1,90 dólar) por tonelada na nova temporada, a partir de outubro de 2018.
Ambas as medidas custariam ao governo 55,38 bilhões de rúpias, segundo o comunicado.
O maior consumidor de açúcar do mundo está tentando reduzir um estoque crescente, e o aumento nos embarques pode aumentar a pressão sobre os preços globais que já estão sendo negociados perto do seu nível mais baixo em uma década.
Os contratos futuros do açúcar bruto negociados em Nova York caíam cerca de 2 por cento, às 9:40 (horário de Brasília).
O Ministério da Alimentação encorajaria usinas de açúcar a exportar pelo menos 5 milhões de toneladas de açúcar para cortar estoques massivos, disseram nesta quarta-feira duas fontes do governo que não querem ser identificadas.
A Reuters na semana passada informou que o governo da Índia estava considerando tal proposta para a temporada 2018/19.
A Índia poderia começar a nova temporada com estoques de mais de 10 milhões de toneladas de açúcar e poderia produzir outras 35 milhões de toneladas na temporada, segundo estimativas da associação da indústria (Isma).
Com este volume, a Índia deve superar o Brasil na produção de açúcar. Os subsídios indianos poderiam resultar em ações dos países produtores na Organização Mundial do Comércio (OMC), conforme já disse à Reuters um dirigente da Unica, entidade que representa usinas no centro-sul brasileiro.
Os indianos, conhecidos por sua propensão ao consumo de açúcar, consomem cerca de 25 milhões de toneladas do produto por ano.
Carregadas com enormes quantidades de açúcar e atingidas por uma queda nos preços, as usinas disseram que não podem pagar aos produtores de cana o preço fixo do governo a tempo.
As empresas de açúcar devem cerca de 135 bilhões de rúpias (1,85 bilhão de dólares) na temporada atual para os produtores de cana.
Antes de uma eleição geral prevista para maio do ano que vem, o governo de Modi está disposto a ajudar as usinas a quitar a dívida com produtores cana, que formam um grande bloco eleitoral (Reuters, 26/9/18)
Brasil diz que apoio da Índia à indústria de açúcar gera grande preocupação
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou nesta quarta-feira que as novas medidas do governo indiano em apoio à indústria de açúcar e o possível aumento das exportações do produto da Índia “motivam grande preocupação no setor produtivo e no governo brasileiro, por seu potencial impacto no comércio internacional”.
A afirmação foi feita após o gabinete da Índia aprovar nesta quarta-feira incentivos para encorajar usinas a exportar açúcar na temporada 2018/19, como parte dos esforços do país para reduzir seus estoques.
Segundo o governo brasileiro, o apoio da Índia preocupa o governo no atual cenário de excesso de oferta e de queda dos preços do açúcar no Brasil e no mundo.
O Itamaraty disse estar “examinando a extensão das medidas anunciadas pela Índia, assim como seu impacto”.
Com uma produção recorde, a Índia deve superar o Brasil como líder na produção global de açúcar em 2018/19.
Os subsídios indianos poderiam resultar em ações dos países produtores na Organização Mundial do Comércio (OMC), conforme já disse à Reuters um dirigente da Unica, entidade que representa usinas no Centro-Sul brasileiro (Reuters, 26/9/18)