Governo revê números, e receitas com exportações de milho são menores
Exportações do cereal para o Irã, líder nas compras do produto brasileiro, foram revistas.
O saldo da balança comercial agrícola encolheu. Em setembro, o sistema de informações de exportações e de importações do governo —o Comex Stat— indicava receitas de US$ 4,9 bilhões com as vendas externas do milho no acumulado do ano.
Os dados mais recentes, e que mostram as receitas de janeiro a outubro, apontam um total de apenas US$ 2,7 bilhões.
O número inflado ocorreu devido a divergências nos preços nas exportações para o Irã, líder nas importações de milho do Brasil.
Até setembro, os números indicavam gastos de US$ 3,5 bilhões pelo Irã no Brasil, valor que foi corrigido para US$ 795 milhões no período.
As diferenças estavam nos valores e não no volume exportado. O Irã continua sendo o principal comprador do cereal brasileiro. De janeiro a outubro, importou 5,2 milhões de toneladas.
O segundo lugar ficou com o Egito, país que comprou 1,6 milhão de toneladas, no valor de US$ 283 milhões. Espanha, Vietnã e Malásia vêm a seguir.
Os egípcios, devido a uma possível transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, possibilidade anunciada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, interromperam negociações com uma delegação brasileira que estava no país nesta semana.
A interrupção de negociações comerciais por parte do Egito poderá dificultar ainda mais as exportações de milho do Brasil.
Pelo ritmo atual, as vendas externas de milho deverão, neste ano, ficar bem abaixo das dos anos anteriores.
Até outubro, as exportações somaram 15,8 milhões de toneladas. No mesmo período de 2017, haviam atingido 22 milhões.
As estimativas de algumas consultorias indicam que o país deverá colocar próximo de 20 milhões de toneladas de milho no mercado externo neste ano. Em 2017, foram 29,3 milhões (Folha de S.Paulo, 8/11/18)