21/05/2025

Gripe aviária: Brasil pede para China reduzir restrição à carne de frango

 

Pelo menos 17 destinos das exportações de carne de frango do Brasil anunciaram restrições ao produto por causa da gripe aviária. Foto: Getty Images

Embargo chinês vale para todo o território brasileiro, mas governo pede a aplicação da medida apenas para a região onde foi detectado o foco, em Montenegro (RS).

O Ministério da Agricultura pediu para a Administração-Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês) reduzir a restrição às exportações de carne de frango do Brasil por conta do foco de gripe aviária. Em documento enviado às autoridades chinesas na segunda-feira (19/5), o país apresentou as medidas adotadas até agora para controle do vírus em Montenegro (RS), onde o caso foi detectado.

A carta pede que a China considere a regionalização preconizada nos parâmetros da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que preveem restrição ao raio de dez quilômetros do foco. O documento não cita explicitamente o pedido para reduzir a suspensão à zona afetada, mas essa é a intenção brasileira. Há possibilidade de os chineses optarem por embargar o município ou o Estado.

A mensagem enviada à GACC ressalta as "robustas medidas adotadas" pelo Brasil desde sexta-feira (16/5) para controlar e evitar a disseminação do vírus. O governo brasileiro pede "respeitosamente a possibilidade de uma abordagem regionalizada" para o caso da gripe aviária "em alinhamento com os princípios da OMSA".

Nesta terça-feira (20/5), em reunião com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou que o Brasil já tem tratativas em andamento com a China para alcançar a regionalização dos impactos sobre as exportações.

"Confiamos que a regionalização vai acontecer nos próximos dias. Se não surgir novos casos, é possível que peçamos a suspensão, inclusive no caso da China e União Europeia. Mas, passados os 28 dias de incubação do vírus contados a partir desta quarta-feira (21/5), podemos nos autodeclarar livres de gripe aviária novamente", disse Fávaro no encontro.

Fávaro afirmou que "há indícios" de que o impacto do foco de gripe aviária nas exportações possa ser regionalizado pelos países importadores, mas ressaltou que o caso ainda é muito recente e que esse tipo de decisão demanda tempo.

"Temos que ter muita cautela em se pronunciar agora, porque o caso ainda é muito recente, estamos há cinco ou seis dias e o período de incubação do vírus, que começará a ser contado a partir de amanhã, é de 28 dias", afirmou em coletiva de imprensa após reunião com membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

"À medida que os casos são negativados, vai garantindo que a gente crie um ativo para propor à China a regionalização. Aconteceu isso no caso de Newcastle [em julho de 2024, no Rio Grande do Sul], e eles regionalizaram. Eu posso dizer que há indícios de que pode ser regionalizado, mas ainda é muito cedo", completou (Globo Rural, 20/5/25)