Grupo JPA consegue recuperação judicial para dívidas de R$ 126 milhões
Com a decisão judicial, o Grupo JPA iniciará o cumprimento dos trâmites legais para reestruturar sua dívida e garantir a continuidade das operações. Foto Getty Images
O administrador judicial já foi nomeado e o grupo deverá apresentar o plano em 60 dias.
A justiça mato-grossense deferiu o pedido de recuperação judicial dos irmãos José Fuscaldi Cecílio Neto e Pedro Augusto Oliveira Cecílio, proprietários do Grupo JPA. A empresa tem como principal atividade a pecuária, com criação de mais de 2 mil cabeças de gado em ciclo completo. Além disso, cultiva cerca de 1,5 mil hectares de soja e milho. As dívidas do Grupo JPA somam R$ 126 milhões.
A decisão do juiz da 4ª Vara Cível de Rondonópolis, Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento, foi publicada em dezembro de 2024. O administrador judicial já foi nomeado e o grupo deverá apresentar o plano de recuperação judicial em 60 dias.
O Grupo JPA disse que a decisão vai possibilitar a reestruturação financeira cuja necessidade é oriunda de uma série de dificuldades econômicas decorrentes de uma combinação de fatores internos e externos. Material divulgado pela empresa diz que houve desafios com abertura de novas áreas, diversificação da atividade, questões logísticas, aquisição de maquinário e clima, com a perda de 400 hectares de soja por excesso de chuvas no plantio da safra 2023/24.
“A perda significativa da safra não apenas comprometeu a receita esperada, mas também afetou o planejamento financeiro e operacional do grupo. A impossibilidade de recuperar os custos de produção e a pressão para atender às necessidades financeiras das operações agrícolas tornaram o cenário ainda mais desafiador”, diz a empresa.
Com a desvalorização da soja no mercado, os irmãos tiveram que vender ativos da pecuária para resolver os passivos, mas os altos juros e aumento de custos dificultaram ainda mais a situação. Também houve perdas de 300 hectares de milho na safrinha por falta de chuvas no período final de desenvolvimento da cultura na temporada passada.
“Formou-se a chamada ‘bola de neve’ com efeito cascata resultando em atrasos nos pagamentos e acúmulo de dívidas. A pressão sobre o fluxo de caixa se intensificou, agravando ainda mais a situação financeira do grupo, gerando notificações de credores e cobranças”, explica o Grupo JPA. “Esse cenário gerou um ambiente de crescente insegurança, com a necessidade urgente de reestruturar as finanças para evitar maiores comprometimentos e garantir a continuidade das operações”, completa.
Com a decisão judicial, o Grupo JPA iniciará o cumprimento dos trâmites legais, com o objetivo de reestruturar sua dívida e garantir a continuidade de suas operações.
“A recuperação judicial é um meio eficaz para que as empresas enfrentem momentos de crise e, com o devido planejamento adequado e o apoio das partes envolvidas, é possível superar a situação e retomar a trajetória de crescimento”, disse a advogada Ramirhis Laura Xavier, do Grupo ERS.
Para o advogado Allison Giuliano Franco e Sousa, especialistas no tema, 2025 pode ser o ano com maior número na história de recuperações judiciais no agronegócio. Ele explica que a alta do dólar alavancou o preço dos insumos agrícolas, mas a cotação das commodities não acompanhou essa alta.
“Essa diferença entre custo de produção e venda dos produtos vai causar um aumento no endividamento dos produtores, e a recuperação judicial é e será a melhor ferramenta para salvar o negócio neste período”, explicou (Globo Rural, 28/1/25)