06/11/2018

Guerra comercial de Trump custa caro para os EUA nas exportações de soja

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder da China, Xi Jinping, durante encontro em Pequim

Cai venda de oleaginosa americana, e Brasil é um dos países beneficiados.

É bom o presidente brasileiro eleito já ir se acostumando com as regras de comércio mundial, antes de escolher mercados tomando como base apenas afinidades ideológicas. É bom aprender com os erros de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

Maior produtor mundial de soja, os Estados Unidos conseguiram colocar apenas 21,5 milhões de toneladas da oleaginosa no mercado externo nesta safra 2018/19.

Em igual período do ano passado, as exportações dos americanos somavam 30,4 milhões. Na média das últimas cinco safras, eram 31,6 milhões no mesmo período.

Essa queda nas vendas externas americanas foi provocada pela taxação de produtos chineses pelos EUA. Em contrapartida, os asiáticos retaliaram os americanos.

A China, que havia comprado 16 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos na safra 2017/18, até outubro do ano passado, adquiriu apenas 271 mil toneladas nesta safra.

O pedido chinês, de 1,5 milhão de toneladas —feito antes do início da guerra comercial entre os dois países—, já foi reduzido para 964 mil, sem garantias de que realmente essa soja seja adquirida.

Os chineses vinham mantendo uma média de compra de 18 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos até outubro de cada ano.

A China cancela compras dos EUA e amplia as importações do Brasil e da Argentina.

O apetite chinês fez com que o Brasil exportasse 5,4 milhões de toneladas de soja no mês passado, um recorde para o período do ano.

O maior volume colocado no mercado externo nos meses de outubro havia sido o de 2015, quando as vendas somaram 2,6 milhões de toneladas.

De janeiro a setembro deste ano, ao comprar 55 milhões de toneladas do Brasil, a China ficou com 80% da soja nacional exportada. Em 2017, eram 48 milhões, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Se não houver uma solução para essa guerra comercial entre as duas potências até o período de plantio do ano que vem, os produtores dos EUA vão apostar mais no milho do que na soja.

Eles imaginavam que a China pudesse reagir às medidas de Trump, mas não que ela fosse tão radical. Para compensar possíveis estragos nas exportações agropecuárias dos Estados Unidos, o presidente liberou US$ 11 bilhões em subsídios para o setor (Folha de S.Paulo, 6/11/18)