14/04/2025

Guerra tarifária:Incerteza sobre plantio de grãos da próxima safra nos EUA

Guerra tarifária:Incerteza sobre plantio de grãos da próxima safra nos EUA

Colheita de soja em Maryland, nos EUA. Foto Preston Keres USDA

 

 

Produtores americanos temem impacto no plantio da próxima safra e repercussões de longo prazo.

 

Os produtores de soja e milho dos Estados Unidos demonstraram preocupação com a escalada da guerra tarifária promovida pelo presidente americano, Donald Trump, especialmente contra a China. Os agricultores americanos, que foram uma importante base de apoio ao republicano nas últimas eleições, temem que a incerteza afete a próxima safra, que começa daqui um mês.

 

Em nota divulgada na semana passada, a Associação de Soja Americana (ASA) afirmou que “a escalada contínua das tarifas com a China é preocupante para os produtores de soja, já que a China serve como um mercado de exportação crítico para a soja dos EUA”.

 

Até a última quarta-feira (9/4), a China já havia retaliado os EUA com três rodadas de tarifas, que somavam 94%. Considerando outras tarifas habituais que incidem sobre as exportações de soja à China, a tarifa final já seria de 114,73%. Na sexta-feira (11/4), porém, a China aplicou uma nova retaliação, elevando as tarifas de importação de produtos americanos para 125%.

O receio dos produtores americanos é que o prolongamento da guerra comercial afete tanto o plantio da próxima safra, que ocorrerá em breve, como tenha repercussões de longo prazo.

 

“O plantio está para começar na maior parte do país. Quanto mais existe incerteza, mais preocupados ficamos com ofato de que nosso produtores possam colher bilhões de buschels de milho para os quais eles não tenham mercados confiáveis. Nossos agricultores querem certeza de que nossos clientes em casa e no exterior vão comprar nossos produtos nos próximos meses e anos”, afirmou Kenneth Hartman Jr., presidente da Associação Nacional dos Produtores de Milho (NCGA, na sigla em inglês) e agricultor de Illinois.

 

“Nós corremos o risco de impactos imediatos nesta temporada, junto com os impactos prolongados de uma guerra comercial com a China que vão infligir em nossa indústria mais uma vez”, afirmou Caleb Ragland, presidente da ASA e produtor de soja de Kentucky.

 

“As disrupções de curto prazo são dolorosas, mas as repercussões de longo prazo para nossa reputação, nossa confiabilidade como fornecedores e a estabilidade de nossas relações comerciais são difícil até de colocar em palavras. Nós ainda estamos abatidos com a Guerra Comercial Um e certamente não [estamos] animados com uma Guerra Comercial Dois estendida”, acrescentou (Globo Rural, 13/4/25)