30/05/2023

Importação de agroquímico mantém desaceleração e cai à metade em 2023

Importação de agroquímico mantém desaceleração e cai à metade em 2023

Importação de agroquímico Foto Blog Udop

Queda de preços e volume menor geram menos gastos nos cinco primeiros meses do ano.

O ritmo das exportações do agronegócio continua consistente, enquanto o das importações perde força. Quanto às exportações, apesar de uma retração média dos preços internacionais, o volume disponível neste ano é superior ao de 2022.

Do lado das importações, o cenário é bem diferente do de 2022, quando o setor ainda era afetado pelos persistentes efeitos da pandemia e pela invasão da Rússia à Ucrânia.

Neste ano, as compras externas de insumos caem, e os preços recuam. Nos cinco primeiros meses, as importações de fertilizantes recuaram para 13,4 milhões de toneladas, 11% a menos do que as de janeiro a maio do ano passado.

As despesas com essas compras diminuíram para US$ 5,9 bilhões até maio, 38% a menos do que no período anterior. O receio de eventual falta de produto, devido ao cenário internacional adverso, levou o setor a acelerar as importações em 2022, elevando os estoques de passagem para este ano.

As linhas de fornecimento de adubo foram reestabelecidas, e os preços do insumo registram queda.

As importações de agrotóxicos têm desaceleração ainda maior, recuando para 104 mil toneladas no ano, 49,5% a menos do que nos cinco primeiros meses de 2022. Os preços pagos pelos importadores brasileiros neste ano são menores, mas ainda não voltaram para os patamares dos anos anteriores. Os gastos com importações de janeiro a maio estão estimados em US$ 1,26 bilhão, com retração de 34% sobre 2022.

Quanto às exportações agrícolas, os dados deste mês vão indicar uma valorização de 14,5% nas receitas. O volume cresce 32%, conforme dados ainda provisórios da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Esses números incluem apenas os produtos da agropecuária sem processamento. Os alimentos que passam pela indústria de transformação, como açúcar e carnes, também apontam bom desempenho.

O destaque nas exportações continua sendo a soja, que, devido ao atraso na colheita e ao ritmo menor de venda pelos produtores, deverá atingir um volume próximo de 15 milhões de toneladas neste mês, 44% a mais do que no mesmo mês de 2022.

Apesar de um volume tão elevado, as receitas com a oleaginosa crescem apenas 21%. O ritmo menor se deve à retração dos preços neste ano, que, em maio, estão 16% inferiores aos de igual mês do ano passado.

Entre os alimentos processados, os números da Secex apontam uma boa evolução do açúcar. O volume das exportações deste mês supera em 21% o de maio de 2022, e os preços são 22% superiores. As carnes também têm volume superior de vendas neste mês, mas os preços estão em queda.

Após o fim da suspensão das vendas à China, as exportações brasileiras de carne bovina estão com aumento de 17% neste mês, em relação às do ano passado, conforme dados preliminares. Os preços, no entanto, recuaram 21%. Aumentaram também as vendas externas de carne de frango e de suínos. As aves, no entanto, estão com queda de preços no mercado internacional, e a suína, com alta.

As exportações totais do agronegócio acumulam US$ 51 bilhões até abril, com evolução de 4,3% no ano. Nos últimos 12 meses, as receitas sobem para o recorde de US$ 161 bilhões, com destaque para o complexo soja (grãos, farelo e óleo), que soma US$ 54 bilhões de maio do ano passado a abril último.

Os preços internos das commodities brasileiras mantêm queda. A saca de milho está cotada a R$ 55 na região de Campinas (SP), com queda de 16,5% apenas neste mês, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

O início da colheita, que será recorde, a falta de armazenagem e a queda de preços preocupam os produtores do cereal.

Já a soja, com a alta do dólar e a melhora nos prêmios de exportação, ganhou um novo ritmo de vendas. Com isso, os preços pararam de cair e se mantêm estáveis em relação aos do final de abril, segundo acompanhamento do Cepea.

O trigo termina o mês com queda de 8% nos preços internos, que estão em R$ 1.423 por tonelada no Paraná (Folha de S.Paulo, 30/5/23)