Inclusão tecnológica leva produtividade e dignidade ao campo
Inclusão tecnológica- Foto Blog ConectarAGRO
Giancarlo Fasolin e Fátima Gonçalves
O Brasil possui cerca de 13 milhões de hectares de zona rural conectados, o que dá 130 mil quilômetros quadrados com cobertura de internet.
Parece muito? Se pensarmos no avanço obtido nos últimos anos, a resposta é “sim”, temos uma área considerável. Mas, quando comparado com as zonas urbanas, torna-se irrisório. Nas regiões urbanas, o Brasil atingiu 91% de conectividade, enquanto nas áreas rurais estamos abaixo dos 12%.
Levar internet para o campo no Brasil é um desafio e tanto, dado o tamanho, diferenças geográficas e dificuldades de acesso por terra. Mas é essencial por vários aspectos.
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a tecnologia que está sendo implementada é a 4G, por ser a que apresenta a melhor relação custo-benefício ao se considerar a necessidade de infraestrutura e as oportunidades geradas aos usuários.
Dito isso, podemos perguntar: por que o cidadão do campo não tem o mesmo direito ao acesso à informação, comunicação, entretenimento e ferramentas de trabalho que os cidadãos das cidades? Conectá-los é, de cara, democratizar esse direito.
Aprofundando um pouco a questão, temos que, quando falamos de internet no campo, não falamos somente das propriedades rurais em si, mas de toda a região. O Brasil possui mais de cinco mil municípios, muitos deles de pequeno porte, afastados dos grandes centros e prioritariamente rurais. Sem conectividade rural, a internet de qualidade não chegaria igualmente a essas pequenas cidades e, muito menos, às rodovias que cruzam a região e permitem o tráfego de carros, ônibus e caminhões que já utilizam diariamente aplicativos conectados. Conectar o campo é reduzir essas zonas “de sombra”.
Visto isso, vamos ao setor mais beneficiado que é, sem dúvida, o da agropecuária. O benefício na tomada de decisão, diminuição de erros, diminuição de custos e redução no impacto ambiental são notórios ao se introduzir tecnologia no campo.
Um caso emblemático no país foi o do mercado de cana-de-açúcar. Quando foi proibido o uso de queimadas para realização das colheitas no Estado de São Paulo, o cenário mudou radicalmente. A implementação de máquinas de elevado padrão tecnológico e conforto aos operadores em constante comunicação com outros dispositivos, informando o momento exato de se reposicionar caminhões, é um forte exemplo. As mudanças adotadas ofereceram ganho de produtividade superior a 20%, redução de poluição incalculável e melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores rurais e da população local. Comparado com as possibilidades atuais, o ganho tecnológico para a indústria sucroalcooleira foi bem pequeno e, mesmo assim, o retorno social, econômico e ambiental foi enorme.
Entramos exatamente nessa questão. Qual o espectro de benefícios gerado pela conectividade rural?
O aspecto econômico e produtivo direto, com o uso de tecnologias pelo produtor rural, é somente um dos ganhos. Na mesma linha, toda a cadeia de fornecedores que visitam as regiões rurais e usam aplicativos online, se aproveita da mudança.
Há um ganho social enorme com o acesso da população, em especial a menos favorecida, ao estudo. O EaD trouxe cursos técnicos, graduações e outras tantas opções que elevam a capacitação e a formação técnica, cultural e intelectual da população.
Já falamos anteriormente do acesso à comunicação, entretenimento e informação e, com isso, aliado ao acesso à educação, observamos a redução da evasão do campo. Especialmente os jovens enxergam oportunidade de permanecer na zona rural sem perda de qualidade de vida em relação aos jovens urbanos.
Segurança patrimonial, segurança no trabalho e rápido acesso em situações de emergência médica ou acidentes são observadas ao se levar o 4G ao campo.
Enfim, podemos resumir como impactos da conectividade rural o ganho de produtividade agrícola, qualidade de vida e dignidade humana. Viver, estudar e produzir na zona rural tem se tornado uma opção real para muitos brasileiros que, antes, se viam tecnologicamente excluídos (Giancarlo Fasolin é gerente de marketing da Trimble e membro da ConectarAGRO,
Fátima Gonçalves é diretora de novos negócios e membro da ConectarAGRO)