29/01/2019

Indústria de fertilizantes importa mais e se prepara para safrinha

Indústria de fertilizantes importa mais e se prepara para safrinha

Legenda: Fabricação de fertilizante em Uberaba (MG)

 

Setor terminou 2018 com entrega recorde de produtos e deve começar ano com ritmo intenso.

O ano parecia ruim para o setor de fertilizantes, após a paralisação dos caminhoneiros, a ruptura na entrega de produtos e o imbróglio da tabela de frete. Não foi o que ocorreu.

O setor terminou 2018 —os dados ainda não estão disponíveis— com entrega recorde de produtos e deve começar 2019 com ritmo intenso.

O Brasil tem forte dependência externa no setor, e as compras de 2018 somaram 29,54 milhões de toneladas, com gastos de US$ 8,62 bilhões, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Uma parte dessas importações não fica com as indústrias de adubos, mas é utilizada por outros setores.

Com isso, os números de importação do Siacesp (sindicato do setor) e da Anda (Associação Nacional para a Difusão de Adubos) indicam volume menor: 27,7 milhões de toneladas, 5,1% mais do que em 2017.

A indústria teve uma atividade intensa de julho a outubro, quando entregou 17,1 milhões de toneladas de fertilizantes, 9,4% mais do que em igual período anterior.

Não tirou os olhos, porém, da safrinha, que consumirá bom volume de adubo. No último trimestre, foram importados 8,7 milhões de toneladas, 22% mais do que de outubro a dezembro de 2017.

“O setor segue o padrão dos últimos 20 anos, crescendo a uma taxa anual de 5%”, diz Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores.

Em 2018, a agricultura foi impulsionada pelas boas receitas, que cresceram de 3,5% a 4%, descontada a inflação. “E 2019 não vai ser muito diferente para insumos, devido ao colchão de preços que será proporcionado pela desvalorização cambial.”

Incertezas internas e externas provocarão turbulência, que será responsável por alta da taxa de câmbio.

Essa elevação do dólar aumenta as receitas dos produtores em reais.

As exportações de commodities não deverão ter a mesma intensidade das de 2018. Mas, mesmo com a queda de preços externos, o produtor vai ganhar. A desvalorização cambial garantirá receitas reais. Silveira estima o dólar em R$ 3,90, em média.

Em 2018, a desvalorização cambial garantiu boa parte dos lucros dos produtores, permitindo vendas maiores também para as indústrias de fertilizantes.

A comercialização de um volume maior de insumos, e a um preço melhor, reduziu os custos fixos médios, dando ganho de margens para as indústrias, segundo Silveira (Folha de S.Paulo, 29/1/19)