Indústria de soja ainda vê falta de serviços a caminhoneiros e se mobiliza
Em resposta à redução da oferta de serviços nas estradas, decorrente de medidas de controle do coronavírus, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) oferecerá apoio aos caminhoneiros, como alimentação nos pátios, a partir deste mês.
André Nassar, presidente da associação, disse à Reuters que, apesar das orientações dadas pelo governo federal de que restaurantes e borracharias nas estradas são serviços essenciais, ainda há prefeitos que adotam restrições.
“O prefeito de cada região pode decidir se é essencial ou não... ainda tem muitos fazendo isso (restrição de serviços).”
Neste cenário, a Abiove informou que muitos caminhoneiros estão se recusando a transportar cargas de longa distância, o que afeta o escoamento da safra agrícola - daí a necessidade de atuação da entidade.
“A partir do início de abril, as associadas da Abiove fornecerão aos motoristas kits de lanches nos pátios que não possuem estrutura de restaurante ou refeitório”, disse a entidade em nota divulgada nesta quarta-feira.
Segundo Nassar, além dos kits, a associação também pretende disponibilizar álcool em gel, orientar para que temperatura dos motoristas seja medida antes da entrada nos pátios e adquirir máscaras de proteção para fornecimento aos caminhoneiros.
Representante da indústria de farelo proteico, óleos vegetais e biodiesel, a Abiove informou que mapeou os serviços oferecidos nos 158 pátios próprios de suas associadas em todo país e elaborou um plano de ações.
O objetivo é “dar melhores condições de trabalho aos motoristas que não param de circular pelo Brasil levando produtos que garantem a segurança alimentar de milhões de brasileiros”.
A recusa de caminhoneiros para o transporte de cargas de longas distância ou busca por rotas alternativas chegou a impulsionar os valores do frete rodoviário, disse Nassar.
“Houve um movimento pontual, logo que as administrações municipais adotaram as restrições de serviços. Agora o avanço dos fretes voltou a estar relacionado ao aumento da demanda para o escoamento da safra de soja.”
Na mesma linha, Edeon Vaz Ferreira, diretor do Movimento Pró-Logística ligado à Aprosoja-MT, também afirmou que os fretes estão “mais relacionados à oferta e demanda do que à adesão dos caminhoneiros. O escoamento está fluindo normalmente”, avaliou.
O estudo para a disponibilização de serviços da Abiove identificou todos os pátios utilizados pelas suas associadas, que representam cerca de 60% do mercado de soja brasileiro.
Foram analisados 228 pátios, sendo 158 próprios, 38 operados por parceiros e 32 pátios em pool localizados em portos e áreas de transbordo.
A Abiove também disse que está adotando medidas preventivas ao coronavírus ligadas à conscientização, como cartazes e marcações de distanciamento nas instalações, bem como ações de reforço da higienização dos ambientes e sanitários.
Outros 38 pátios de triagem são operados por parceiros, que receberam sugestões de adotar as medidas (Reuters, 1/4/20)